Política Titulo São Bernardo
Morando alegou problema para pagar indenização a ele mesmo, diz Marinho

Ex-prefeito de S.Bernardo confirma pedido do sucessor por verba a terreno sob suspeita

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
30/06/2021 | 00:36
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Denis Maciel/ DGABC


Ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT) revelou que autorizou o pagamento de indenização à empresa do sucessor, Orlando Morando (PSDB), para construção do Corredor Alvarenga depois de pedido insistente do tucano durante uma das reuniões de transição de governo em 2016, alegando que teria “problemas” para quitar o débito ao assumir a cadeira do Executivo. A transação é investigada pelo Ministério Público, que suspeita de superfaturamento a favor da firma do tucano.

“Ao fim da reunião de transição, depois de discutirmos todo o processo de transição, o atual prefeito fez dois pedidos: que reajustasse a tarifa de ônibus ainda no meu governo, que me recusei, e que autorizasse o pagamento dessa indenização, já que ele teria problemas de, como prefeito, pagar uma indenização a ele próprio. Como o processo já tinha passado pelo crivo da Procuradoria-Geral do Município e já estava liberado o pagamento, decidi atender o pedido. O que me estranha é ele agora negar isso”, comentou o petista, ao Diário.

A desapropriação de 531,4 metros quadrados de terreno pertencente à antiga Ponto Bom Participações (atual OAC Participações), cujo dono é Morando, foi quitada quatro dias antes de o tucano tomar posse como prefeito. A Prefeitura depositou R$ 1 milhão à firma, valor que é alvo de investigação do Ministério Público.

O Diário mostrou que órgão fiscalizador do MP, o Caex (Centro de Apoio Operacional à Execução), enxergou existência de sobrepreço na ordem de R$ 270 mil entre a quantia liberada e o valor de mercado do espaço.

Diante de contestação formal por parte da empresa do chefe do Executivo, perito judicial foi designado a avaliar o terreno e chegou à conclusão de que a diferença é ainda maior: de R$ 409,2 mil.

O terreno que pertence à Ponto Bom acolhe um supermercado na Estrada dos Alvarenga. A área desapropriada se refere ao antigo estacionamento do estabelecimento comercial, que deu espaço a um corredor de ônibus. O ramo supermercadista é a atividade privada de Morando, que chegou a ser vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados).

Além do valor com indícios de superfaturamento, outro item do episódio reforça a tese de irregularidade na transação. Terreno vizinho ao de Morando, com metragem maior, foi desapropriado por R$ 296 mil, muito abaixo da quantia depositada à Ponto Bom.

Morando nega que tenha feito o pedido a Marinho. Diz que o processo seguiu todo trâmite legal e que ele mesmo apresentou pedido de apuração junto ao MP para mostrar “sua transparência e idoneidade quanto ao assunto”. “A desapropriação em questão foi paga da mesma forma que dezenas de outras desapropriações amigáveis realizadas no Corredor Alvarenga. Em todas as situações, a Procuradoria seguiu o valor do laudo dos peritos contratados. 




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