Setecidades Titulo Bom exemplo
Lactante se torna símbolo
de incentivo à vacinação

Giovanna Deckenbach, de Mauá, recebeu dose enquanto amamentava gêmeos; especialistas destacam imunização por meio do leite

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
23/06/2021 | 00:01
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Celso Luiz/ DGABC


“Uma vacina valeu por três.” Foi assim que Giovanna Lizandra dos Santos Deckenbach, 23 anos, resumiu o sentimento de ser imunizada contra a Covid enquanto amamentava os gêmeos Enzo e Gael Betini dos Santos Deckenbach, 6 meses. Ela recebeu a dose da Pfizer semana passada na UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Mauá, no município mauaense, e acabou tornando-se símbolo da importância da vacinação para puérperas, lactantes e grávidas.

A foto de Giovanna no momento da aplicação, enquanto os meninos mamavam, viralizou nas redes sociais. Com a repercussão, hoje a lactante será parabenizada pela atitude que reforça a importância da vacina no gabinete do prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), com a presença da primeira-dama Fernanda Oliveira, e a secretária municipal de Saúde, Célia Bortoletto.

Ela conta que, assim que soube que a cidade iria vacinar lactantes, se inscreveu, já que, segundo ela, a gravidez e o parto prematuro em meio à pandemia foram momentos “de muito medo”. “Como a única fonte de alimento dos meninos sou eu, tive de levar eles comigo até a UBS. Quando me chamaram, estava amamentando e não pensei duas vezes em eternizar este momento enquanto os dois estavam em meu peito”, relembrou Giovanna.

A lactante ressalta que sentiu “mix de emoção e alívio”, sobretudo por saber que, com seu leite, está passando anticorpos aos filhos. Ex-balconista e mãe de primeira viagem, Giovanna revela estar cumprindo o isolamento físico imposto pelo governo estadual para conter a disseminação do vírus, sobretudo, por preocupação com os filhos que nasceram de oito meses e tiveram de ficar internados. A vendedora, inclusive, pediu demissão para poder cuidar de Enzo e Gael mais tranquila. “Agora que estou vacinada e sei que eles terão imunidade por meio do meu leite, é como se tivesse esperança de dias melhores. Sei que vacina para eles vai demorar a chegar e, assim, fico até mais tranquila de que eles também terão anticorpos”, comemorou a mãe, contando que ficou feliz pela repercussão da foto tirada no momento da amamentação, sobretudo por saber que, assim, encoraja outras lactantes, gestantes e puérperas.

Segundo estudo do HC (Hospital das Clínicas) da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), realizado pelo Instituto da Criança e do Adolescente, foram encontrados anticorpos contra a Covid em leite materno de colaboradoras lactantes do HC, imunizadas com a vacina Coronavac, do Instituto Butantan.

Pediatra e professora da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Denise de Oliveira Schoeps explicou que o leite materno contém diversos anticorpos de doenças que a mãe já teve. “Quando a mãe recebe uma vacina, ela produz anticorpos e passa para o bebê por meio da placenta (no caso das grávidas) e pelo leito materno (lactantes)”, disse a especialista, contando que os anticorpos são totalmente absorvidos pela criança por meio da amamentação.

O infectologista e fundador do IBSP (Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente), José Ribamar Branco, destacou que a vacinação para grávidas, puérperas e lactantes transmite imunidade de maneira rápida aos bebês. “Por isso que se incentiva o aleitamento materno, porque, assim, eles recebem os anticorpos da mãe. Não é o mesmo anticorpo produzido quando se aplica a dose direta, mas é uma imunização natural”, confirmou o médico, destacando que as doses da Astrazeneca, devido a complicações em grávidas, não são recomendadas para esse público enquanto estudos complementares não são concluídos.

Quatro cidades protegem mães que amamentam

A campanha de vacinação contra a Covid-19 para lactantes ainda não está aberta em todas as cidades do Grande ABC. Por enquanto, somente Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires estão aplicando as doses neste público – a imunização em gestantes e puérperas é ministrada em todas as sete cidades.

A Prefeitura de Santo André está vacinando puérperas e lactantes com bebês de até 2 anos. No município são-bernardense a vacinação de gestantes, puérperas e lactantes começou no fim de maio e, até ontem, 5.850 pessoas deste público receberam a primeira dose.

Mauá está protegendo lactantes desde o dia 16 e, até ontem, 379 mães receberam a imunização. Em Ribeirão Pires, desde o dia 19 de junho 768 lactantes foram imunizadas. Já em Diadema a vacinação está sendo feita em gestantes e lactantes que são puérperas, ou seja, que deram à luz nos últimos 45 dias e que tenham idade acima de 18 anos. A imunização desse grupo teve início em 7 de junho e alcançou 1.346 mulheres.

São Caetano informou que não está vacinando lactantes, porque, segundo a Prefeitura, ainda não recebeu doses para este grupo. Na cidade já foram vacinadas 529 gestantes e puérperas.

NOVOS GRUPOS
Ribeirão Pires vacina hoje moradores com 43 anos e, a partir de amanhã, quem tem 41 e 42 anos. A campanha é realizada no Complexo Ayrton Senna (Av. Prefeito Valdírio Prisco, 193), das 8h às 16h.

Em São Caetano o agendamento está aberto para o público entre 48 e 49 anos. Para realizar a inscrição basta acessar o link https://coronavirus.saocaetanodosul.sp.gov.br. Diadema também antecipou faixa etária e começa a vacinar hoje munícipes com 42 e 43 anos. Rio Grande da Serra protege a partir de hoje pessoas de 43 a 49 anos.




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