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Líder de tribo diz que Lula 'esqueceu' causa indígena
Da AFP
24/10/2003 | 21:50
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O brasileiro Marcos Xucuru, 25, líder de uma comunidade de nove mil índios da tribo xucurus, ameaçado de morte há vários anos por latifundiários que vivem dentro da reserva de sua comunidade, em Pernambuco, está na Europa para denunciar o imobilismo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Meu povo acreditava que Lula nos defenderia. Ele era amigo de meu pai, que foi assassinado pelos latifundiários em 1998, mas não está dando importância à causa indígena", afirmou Marcos. Entre as pendências do governo Lula está a proteção a Marcos, medida requisitada no ano passado pela Comissão Internacional de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).

"Atualmente, apenas meu povo me protege. Evito sair de nossas aldeias e quando tenho de ir a Pesqueira, cidade próxima à sua reserva, vou acompanhado de muitos homens", explicou Marcos, que em fevereiro deste ano escapou milagrosamente de uma tentativa de assassinato, na qual pistoleiros de aluguel assassinaram as duas pessoas que o acompanhavam.

Como o governo brasileiro não providenciou a proteção, a Anistia Internacional convidou o líder indígena para relatar a situação da sua tribo a políticos, ONGs, associações religiosas e jornalistas da Bélgica, Espanha, França, Suíça e Holanda.

Impunidade – "O governo brasileiro está cedendo aos interesses políticos e econômicos contrários aos índios e a violência atinge proporções alarmantes. Desde que Lula assumiu o poder, em janeiro deste ano, 23 líderes indígenas foram assassinados, contra 14 no ano passado, durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso", afirmou Saulo Ferreira, do Comitê Indígena Missionário (Cimi), que acompanha Marcos na viagem.

Para a Anistia Internacional, o governo brasileiro deve conceder imediatamente ao líder xucuru a proteção estipulada pela OEA. Marcos garante que seus inimigos já foram bem identificados. Na reserva indígena xucuru, de mais de 27 mil hectares, demarcada e homologada, vivem 281 latifundiários que se negam a abandonar a terra, consideradas por lei propriedade indígena.

"Mataram meu pai e ninguém julgou os responsáveis. Como a impunidade e a corrupção reinam em Pernambuco, eles se sentem livres para nos atacar como e quando quiserem", lamentou Marcos, lembrando que em seu estado vivem 30 mil índios de dez tribos diferentes.




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