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Região ainda tem cenários rurais
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
13/01/2008 | 07:13
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Imagine, sair de um grande congestionamento no Centro de qualquer cidade e, minutos depois, dar de cara com uma boiada atravessando a estrada. Na região das grandes indústrias, não são apenas os automóveis que disputam espaço. O Grande ABC ainda reserva cenários típicos da fazenda.

Por isso, não se assuste ao atravessar a Avenida Oliveira Lima, em Ribeirão Pires, e se deparar com um grupo de búfalos. Os animais de pele negra e reluzente chamam a atenção com seus grandes chifres em forma de espiral. “Eles vêm todo dia pastar aqui. São bem sossegados. A gente não sabe ao certo de quem são, mas no final da tarde uma pessoa vem para buscá-los”, conta o servente de pedreiro Ademar Nunes.

E se os búfalos são mesmo mansos, não é possível constatar à primeira vista. “Pois é, eles parecem bravos!”, brinca Ademar. Em Ribeirão, os búfalos, famosos pela qualidade de seu leite, passam o dia entre os terrenos baldios, os mais cheios de mato. “Ficam por ali o tempo todo”, garante o pedreiro Ademar.

BOIADA

Ainda na Coronel Oliveira Lima, uma boiada passeia por um brejo próximo à Firp (Faculdades Integradas de Ribeirão Pires).

As vacas vão guiando os bezerros no meio do mato, e do mato para a movimentada avenida. “É aí que mora o perigo. Já aconteceu um acidente porque uma vaca entrou na frente de um carro”, conta o segurança da faculdade, que pediu para não ser identificado.

OCORRÊNCIAS

De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão Pires, somente em 2007 foram realizados onze chamados de ocorrências envolvendo gado. Se o dono resolver resgatar um animal recolhido, ele terá de pagar uma taxa à Prefeitura. Caso contrário, o bicho é doado.

E há quem garanta que os casos de maus tratos não são raros na cidade. “Como aqui é um lugar afastado, as pessoas largam os bichos por aí. Já jogaram um cavalo com a pata quebrada. Ele não aguentou e morreu. Chamamos por ajuda, mas não deu tempo”, narra o desempregado Adelmo Augusto Santos.

SHOPPING

Depois de umas comprinhas no shopping, programa tipicamente urbano, que tal emendar uma pescaria? Pois é isso o que algumas pessoas fazem em Santo André, mais precisamente no Parque Central, espaço verde localizado na Vila Assunção, perto do Centro da cidade.

“Veja que comodidade. Estamos próximos do Centro e podemos pescar!”, diz sorrindo o aposentado Ramiro Dias, 66 anos, pescador há 15. Sentado à beira do lago, ele diz se lembrar da infância no Interior. “Pescar é uma tradição de família. Não quero nem comer o peixe, é só para me distrair mesmo”, completa.

GALVÃO BUENO

O bode Caprichoso, que vive nas margens da Estrada Galvão Bueno, no bairro Batistini, em São Bernardo, também leva o pensamento da vendedora Leidiane Silva de volta para o Interior, mas não de São Paulo e sim do Piauí, no Nordeste do País.

“Estou em São Bernardo há seis meses. Lá no Piauí estava acostumada com os bichos, a gente criava porcos”, conta Leidiane. Além do bode, galinhas, galos, pintinhos e dois perus vivem atrás da barraca de frutas da família de Leidiane.

Ela garante que nunca ocorreu um acidente por conta da proximidade dos bichos com os carros na estrada. “O máximo que ocorreu foram uns cachorros que atacaram o Caprichoso”, diz.

O bode está com três meses. Ganha ração todo dia e de vez em quando, um banho. Leidiane conta que a criação de animais é um costume antigo de família. Apesar de mantê-los por estimação, quando começam a ficar em grande número, acabam sendo vendidos e o destino de cada um passa a ser incerto.




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