Enquanto países de todo o mundo têm suas taxas de juros básicos reduzidas, o Banco Central decide manter a Selic em 13,75% ao ano. A notícia, ao contrário do esperado, reanimou o mercado que entendeu a ação do Comitê de Política Monetária como uma sinalização positiva.

A taxa Selic é utilizada pelo Banco Central como uma forma de controlar os preços e a aceleração econômica. Juros altos dificultam a contração de crédito, o que pressiona os preços e desacelera o consumo. Por sua vez, a redução nos juros básicos conduz o País a uma maior euforia econômica, com a disponibilidade de crédito. Assim, mesmo que os preços estejam mais altos, a preocupação principal é acelerar a economia .

Para o professor de Economia da UniABC, Antonio Faricelli, o corte dos bancos europeus e do Fed (banco central norte-americano) indicam um alinhamento de políticas. "O Banco Central brasileiro, com a decisão, diz para o mercado que continua cauteloso e prefere não baixar os juros por prudência. No entanto, isso já dá uma sinalização para o início da queda."

Essencialmente, segundo o professor, o anúncio tem o mesmo significado que o corte da taxa no resto do mundo. "Um corte de meio ponto porcentual em países avançados indica que o governo quer acelerar a economia. Uma manutenção tem significado semlhante para nós, que trabalhamos com uma taxa altíssima", explicou Faricelli.

Aparentemente, foi essa a leitura do mercado que recebeu muito bem a decisão, segundo o professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios. Para ele, a expectativa do mercado é de queda nos juros a partir da primeira reunião do Copom em 2009.

"O cenário para o corte está criado", afirma Leite. No entanto, o consumidor ainda não deve sentir a nova política do Banco Central sobre o crédito, uma vez que esse controle, dessa vez, está direcionado à contenção da crise. "Com o fim do período crítico da crise, as taxas de juros devem baixar."