A organização do GP de São Paulo de Fórmula 1 adiou para o mês que vem a definição sobre a possibilidade da venda de ingressos para a prova, marcada para 7 de novembro. Em vez de iniciar a comercialização em março, como nos últimos anos, os promotores preferiram aguardar mais um pouco para se ter um cenário mais claro da situação da pandemia da covid-19 no Brasil.
O Estadão apurou que os responsáveis pela prova têm rascunhado a organização com diferentes cenários, inclusive sem torcedores. Os responsáveis pela corrida, que deixa de se chamar GP do Brasil, pregam cautela com a definição sobre ingressos. A escolha no momento é avaliar em maio se os números relativos à pandemia no País apresentam melhora, com a estabilização da curva do número de casos e uma projeção de aumento na quantidade de imunizados.
A empresa promotora da prova, a MC Brazil Motorsport, preferiu não comentar o assunto. A definição sobre a venda de ingressos e a organização do GP depende de cada organizador local. A Fórmula 1 não interfere nessas questões individuais. Em alguns outros países, a categoria já realizou corridas com a presença de público. Um exemplo disso foi o GP do Bahrein, no fim de março. Os promotores permitiram a entrada no autódromo somente de quem já estava vacinado.
O autódromo de Interlagos não recebeu a Fórmula 1 no ano passado porque a categoria cancelou a vinda para as Américas. A decisão foi tomada por causa da pandemia. Foi a primeira vez desde 1973 que o Brasil ficou fora do calendário oficial do campeonato. Para 2021, a posição da categoria até o momento é que a prova em São Paulo não corre qualquer risco de cancelamento.
A grande preocupação da Fórmula 1 no momento é com provas mais próximas do calendário, em especial o Canadá. Previsto para receber a categoria em junho, o país da América do Norte enfrenta um grande aumento no número de casos e tem cidades em regime de "lockdown". A expectativa da F-1 é que entre as 23 etapas do ano, mais da metade possa receber público, mesmo que em quantidade reduzida para preservar o distanciamento social.
Além da mudança do nome para GP de São Paulo, a etapa brasileira de Fórmula 1 mudou de promotor. Após organizar o evento por mais de 30 anos, o empresário Tamas Rohonyi deixou o cargo. Quem cuida agora da organização é a MC Brazil Motorsport, cujo dono é o o ex-velejador olímpico Alan Adler. A companhia é controlada pelo grupo Mubadala, fundo de investimentos com sede em Abu Dabi.
CONTRATO - O contrato responsável por assegurar a realização do GP em São Paulo pelos próximos cinco anos é alvo de questionamentos da Justiça. O juiz Emílio Migliano Neto, da 7.ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou em janeiro a suspensão do contrato feito pela Prefeitura de São Paulo com a promotora do evento. O motivo principal é o fato de a empresa receber dos cofres públicos R$ 100 milhões pelos cinco anos de vigência do acordo.
Procurada para comentar o caso, a Prefeitura não retornou o contato até o fechamento desta reportagem. A MC Brazil preferiu não se manifestar o assunto. Ambas recorreram e conseguiram no último mês derrubar uma exigência feita pela Justiça para que a promotora do GP fizesse um depósito como garantia no valor de R$ 20 milhões para autorizar a execução do contrato. Dessa obrigação a empresa e a Prefeitura estão livres, porém o contrato continua suspenso.
A suspensão do contrato foi tomada após o vereador Rubinho Nunes (Patriota) mover uma ação. Em contato com o Estadão, Nunes afirmou que para o acordo ser liberado, será preciso o poder público explicar melhor os motivos da utilização de recursos em um evento privado. "Estamos há meses parados por culpa da Prefeitura. Eu quero ver o GP da Fórmula 1 acontecer em São Paulo, mas não vejo o Executivo empenhado em cumprir a lei", criticou.
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