Apesar disso, conduz a trama de modo seguro em sua primeira incursao pelo épico histórico. O longa teve uma das melhores bilheterias do ano em seu país natal, perdendo para o vigoroso Quando Tudo Começa, de Bertrand Tavernier.
Besson entrou em um terreno árido, já que a história da principal heroína e mártir católica (queimada por heresia aos 19 anos em Rouen, em 1431) foi bastante vista no cinema.
De início, o longa parece enveredar apenas pelo caminho convencional, contando a vida de Joana (Milla Jovovich) e suas visoes divinas com estética publicitária onde nao faltam campos cheios de begônias em vermelho vivaz e música indutiva.
Na época da Guerra dos Cem Anos, a Inglaterra domina a França de forma sangrenta. Joana assiste sua irma ser violentada e morta por um soldado inglês, e, a partir disso, tem sua visao mais importante.
Ela deve liderar o exército francês para expulsar os ingleses, além de coroar o Delfim Charles de Valois (John Malkovich) como rei.
Quando se encontra com o Delfim, Joana lidera uma quase suicida batalha contra os ingleses em Orleans. Nas cenas de guerra, Besson justifica as altas cifras gastas na superproduçao e prende o espectador à história. Milla também supera a fase inicial titubeante e aparece mais decidida.
Mas, em meio ao sangue, Besson nao consegue explorar contradiçoes da sua personagem, nem buscar inovaçoes na linguagem. Por exemplo, Patrice Chéreau, em A Rainha Margot, narra o episódio da Noite de Sao Bartolomeu com uma câmera quase teatral, conferindo realidade ao mundo de intrigas e conflitos dos nobres sem enveredar pelo publicitário, como o recente Elizabeth, de Shekhar Kapur.
Passados os combates, o diretor explora bem os conflitos psicológicos da heroína quando presa, por meio de sua Consciência. Preciso, Hoffman a encarna e eleva a atuaçao de Milla nos diálogos intimistas, em questionamentos sobre a validade de seus atos, a veracidade dos sinais recebidos do Céu e os dogmas e comportamentos políticos da Igreja.
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