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'Joana D'Arc de Luc Besson' estréia nesta sexta
Mario Gioia
Da Redaçao
16/12/1999 | 17:06
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Joana D'Arc de Luc Besson, megaproduçao francesa que estréia nesta sexta-feira em duas salas da regiao e circuito nacional, transita entre o filme de guerra e o drama intimista. O diretor Besson acerta na última parte - principalmente pela atuaçao de Dustin Hoffman, personificando a Consciência da heroína -, mas acrescenta pouco às tradicionais narrativas das grandes batalhas.

Apesar disso, conduz a trama de modo seguro em sua primeira incursao pelo épico histórico. O longa teve uma das melhores bilheterias do ano em seu país natal, perdendo para o vigoroso Quando Tudo Começa, de Bertrand Tavernier.

Besson entrou em um terreno árido, já que a história da principal heroína e mártir católica (queimada por heresia aos 19 anos em Rouen, em 1431) foi bastante vista no cinema.

De início, o longa parece enveredar apenas pelo caminho convencional, contando a vida de Joana (Milla Jovovich) e suas visoes divinas com estética publicitária onde nao faltam campos cheios de begônias em vermelho vivaz e música indutiva.

Na época da Guerra dos Cem Anos, a Inglaterra domina a França de forma sangrenta. Joana assiste sua irma ser violentada e morta por um soldado inglês, e, a partir disso, tem sua visao mais importante.

Ela deve liderar o exército francês para expulsar os ingleses, além de coroar o Delfim Charles de Valois (John Malkovich) como rei.

Quando se encontra com o Delfim, Joana lidera uma quase suicida batalha contra os ingleses em Orleans. Nas cenas de guerra, Besson justifica as altas cifras gastas na superproduçao e prende o espectador à história. Milla também supera a fase inicial titubeante e aparece mais decidida.

Mas, em meio ao sangue, Besson nao consegue explorar contradiçoes da sua personagem, nem buscar inovaçoes na linguagem. Por exemplo, Patrice Chéreau, em A Rainha Margot, narra o episódio da Noite de Sao Bartolomeu com uma câmera quase teatral, conferindo realidade ao mundo de intrigas e conflitos dos nobres sem enveredar pelo publicitário, como o recente Elizabeth, de Shekhar Kapur.

Passados os combates, o diretor explora bem os conflitos psicológicos da heroína quando presa, por meio de sua Consciência. Preciso, Hoffman a encarna e eleva a atuaçao de Milla nos diálogos intimistas, em questionamentos sobre a validade de seus atos, a veracidade dos sinais recebidos do Céu e os dogmas e comportamentos políticos da Igreja.




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