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Porta-voz admite que Otan pode ter errado alvo
Do Diário do Grande ABC
14/05/1999 | 15:46
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A Otan admitiu nesta sexta-feira ter usado urânio empobrecido na Iugoslávia e também ter lançado bombas inutilizadas no Adriático, enquanto um porta-voz da Aliança afirmou que se iniciou uma "investigaçao completa" sobre o bombardeio de uma aldeia perto de Prizen (sul do Kosovo), no qual segundo fontes sérvias teriam morrido pelo menos 100 civis.

Um porta-voz do estado-maior das forças aliadas considerou que um erro foi "possível" porque "houve muitos bombardeios na regiao (de Prizren) e portanto é uma possibilidade", precisou.

O porta-voz da Otan, Jamie Shea, afirmou antes que a Aliança está fazendo uma "investigaçao completa" sobre o caso e que logo que dispor ``do conjunto de informaçoes' revelará à imprensa.

Segundo depoimentos albaneses e a agência oficial iugoslava Tanjug, em balanços contraditórios afirmam que pelo menos entre 56 e 100 civis teriam morrido e dezenas de pessoas ficaram feridas no bombardeio atribuído á Otan na noite desta quinta para sexta.

As bombas teriam caído por volta da meia-noite sobre uma fazenda onde se achavam 400 pessoas, em sua maioria albaneses, que se escondiam nas matas e haviam chegado para passar a noite, segundo sobreviventes albaneses.

O porta-voz da Aliança, general alemao Walter Jertz, disse que houve um amplo ataque de alvos militares na regiao de Prizren durante as últimas 24 horas e precisou que Korisa se encontra a 5 km ao norte dessa localidade. O general Jertz admitiu que os avioes da Otan lançaram algumas vezes no mar Adriático bombas que nao tinham podido lançar por razoes técnicas contra objetivos na Iugoslávia. "Em alguns casos, (alguns) avioes lançaram suas bombas nas águas internacionais do Adriático, depois de terem se certificado de que nao havia ninguém nas imediaçoes", disse Jertz.

O general afirmou que nos "raros casos" em que isso ocorreu se deve a que "os pilotos, por sua segurança, nao podem aterrissar com suas bombas" porque "podem explodir durante a aterrissagem". Jertz também admitiu que a Otan utilizou muniçoes com urânio empobrecido em seus bombardeios, mas que esse urânio é muito pouco radiativo e que sua porcentagem se encontra em estado natural no meio-ambiente.

"O urânio foi utilizado em algumas oportunidades no passado devido à sua eficácia contra alguns objetivos, mas esse urânio nao tem muita radiatividade e sua porcentagem pode se encontrar no solo e nas rochas", disse Jertz. O urânio empobrecido, devido à sua densidade, proporciona maior eficácia aos projéteis para atravessar o metal dos tanques.

Washington desmentiu dezembro passado acusaçoes iraquianas, segundo as quais o aumento de casos de câncer infantil no Iraque estava vinculado ao uso desse tipo de muniçao pelos exércitos americano e britânico durante a guerra do Golfo.

O general Jertz também reconheceu que a Aliança perdeu dois avioes de reconhecimento sem piloto nas últimas 24 horas que voavam na Iugoslávia. Desde o começo da guerra a 24 de março, a Otan admitiu a perda desses avioes.




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