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Israel dá ultimato; Arafat diz que prefere morrer como mártir
Do Diário OnLine
Com AFP
21/09/2002 | 16:22
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Tropas israelenses ordenaram neste sábado que todos os palestinos que estão no quartel-general de Yasser Arafat em Ramallah, na Cisjordânia, saiam imediatamente do local, ameaçando-os com "uma enorme explosão". Os tanques se encontram a apenas dez metros do quartel general do líder da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, que, ameaçado, declarou que está “disposto a morrer como mártir”.

A estrutura do edifício onde está Arafat foi danificada por uma série de explosões de dinamite, mas o palestino garante que “jamais se renderá”.

Falando em árabe por meio de alto-falantes, as tropas israelenses se dirigiram a todos os que estão dentro do quartel-general de Arafat, ordenando para que "saíssem imediatamente, um por um e com as mãos para o alto, porque vai acontecer uma violenta explosão".

Os soldados também mandaram que os moradores palestinos da vizinhança evacuassem a área por causa da explosão.

Arafat, isolado desde quinta-feira à noite, falou neste sábado por telefone com o deputado árabe israelense Ahmed Tibi.

O ministro palestino das Finanças, Salam Fayad, disse que a situação verificada neste sábado é "tensa, difícil e muito grave" no quartel general de Arafat. "As escavadeiras continuam trabalhando e já destruíram todas as estruturas que cercam o prédio em que estamos", acrescentou.

Fayad confirmou que cerca de 250 pessoas estão no prédio e que encontram dificuldades para dormir "num espaço reduzido".

Neste sábado, a ANP pediu a todas as organizações palestinas que cessem seus ataques contra os civis em território israelense, em um comunicado oficial publicado em Gaza.

"A direção palestina se opõe a todos os ataques contra civis, sejam israelenses ou palestinos. Reitera sua posição de princípio e pede a todas as forças palestinas que cessem os ataques armados contra os civis em território israelense", indica o comunicado.

O governo israelense, por sua vez, não descarta a possibilidade de um assalto do exército. Anteriormente, Israel havia reiterado sua determinação de conseguir a rendição dos 20 palestinos a quem persegue e que se encontram entrincheirados na Mukatá (quartel general) de Ramallah.

"Os objetivos são claros. Consistem, primeiro, em isolar Arafat; depois em capturar os chefes terroristas perseguidos e, terceiro, em fazer (os palestinos) pagarem um preço pelos últimos atentados", declarou o secretário de governo, Gideon Saar, à rádio pública.

"Não debateremos a maneira como serão alcançados esses objetivos. O exército sabe perfeitamente o que tem de fazer e receberá, se for necessário, instruções do escalão político", acrescentou.

O governo israelense decidiu na quinta-feira passada, como reação ao atentado suicida em Tel Aviv, que causou seis mortos e 60 feridos, isolar Arafat em seu escritório de Ramallah e exigir a rendição de aproximadamente vinte palestinos.

Entre eles figuram o chefe dos serviços de segurança para a Cisjordânia, o general Taufic Tirui, um dos lugares-tenentes do general Tiraui e chefe das forças especiais de seu serviço, Awni El Helu, assim como o comandante da Força 17 e guarda de segurança de Arafat, Mahmud Damra, e um de seus lugares-tenentes, Khaled Chauch. Esses quatro responsáveis são acusados de estarem envolvidos em ações "terroristas".

No sábado pela manhã, três explosões destruíram o prédio anexo aos escritórios de Arafat e também atingiram o prédio onde se encontra o líder palestino.

Durante a noite, o exército destruiu a passarela que conecta as instalações de Arafat a uma sala de recepção próxima. Um total de 19 palestinos, que estavam no local, se renderam depois da demolição da estrutura.

Os militares se dirigiram, através de alto-falantes, aos palestinos entrincheirados nos escritórios de Arafat para que se rendam.

O ministro israelense da Defesa, Binyamin Ben Eliezer, afirmou, no entanto, que Israel não tem intenções de "expulsar" o líder palestino dos territórios.

O Conselho de Segurança da ONU deve reunir-se nesta segunda-feira pela manhã para debater o tema do assédio ao quartel general de Ramallah, anunciou em Nova York um porta-voz das Nações Unidas.




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