Se dependesse de José Carlos Brunoro, personagem que dispensa identificação no concorrido meio do marketing esportivo nacional e internacional, o Grande ABC teria somente um representante no profissionalismo. 

Segundo ele, nem todos conseguem reunir mais do que os raros torcedores acostumados a ver as oscilações de cada um. Até aí não se refere ao Tigre, que lotou as bilheterias. "Eu juntaria os três no ABC Futebol Clube. É uma tese que carrego comigo. Já me chamaram até de louco, mas falo a verdade. Os potenciais investidores não querem se comprometer no mercado. Sei que não é fácil driblar o vaivém da gangorra entre cair e subir.

Como evitar isso? Tudo se resume à palavra planejamento. Às vezes, é fácil chegar à elite, mas, se você não estiver bem estruturado, não resiste à queda", constata o presidente executivo da Sport Strategy e diretor de futebol do Grupo Pão de Açúcar. "É o motivo que nos leva a saltar degrau a degrau. É a gestão estratégica que impõe o equilíbrio e a racionalidade. Caso contrário, a gente salta, mas logo despenca", exemplifica Brunoro, que se mostra diplomático ao referir-se à pequena distância entre o vice do Santo André no ano passado e o descenso na batalha mortal do ano seguinte. "Taí um time formador de atletas. Não haveria como não negociar os principais jogadores que agora defendem os grandes. Não teria outra saída. Como seria possível controlar os cofres? Mas isso não é coisa dos pequenos. Bastaria citar o Flamengo, campeão brasileiro de 2009, que quase desceu em 2010. Há muitos detalhes que influenciam nas trajetórias que derrubam ou levam aos títulos", admite.

Brunoro reconhece que o São Caetano teve altos e baixos, mas, aos poucos, buscou o ponto de referência. Quanto ao São Bernardo, ele acredita que o Tigre paga o preço reservado aos calouros. "O São Bernardo cresceu depressa. É como se a ficha dele ainda não tivesse caído. Enfim, só a fusão dos três poderia fortalecer o futebol do Grande ABC", sugere.