A CGU (Controladoria Geral da União) empacotou nesta sexta e enviou para a CPI dos Correios a primeira leva de contratos entre a estatal e fornecedores que estão sob investigação por suspeitas de irregularidades. No total, somando remessas anteriores, o pacote é composto por 90 contratos e, segundo o subcontrolador Geral da União, Jorge Hage, representa um volume calculado em cerca de R$ 6 bilhões.

Firmado entre os Correios e o consórcio BR Postal, que representa nove empresas - seis delas nacionais -, o contrato para exploração do correio híbrido postal é financeiramente o mais importante: R$ 4,3 bilhões. Esse valor não estava incluído no levantamento divulgado no início da semana pelo ministro Waldir Pires, que estimou em R$ 1,3 bilhões os contratos suspeitos.

Hage explicou que os 90 contratos ainda estão sob investigação na CGU, sem uma conclusão sobre as suspeitas de ilegalidade. A decisão de enviá-los agora se deu por pressão de parlamentares da oposição, que chegaram a reclamar que a CGU estava demorando em disponibilizar os documentos à CPI.

As investigações da CGU têm por base o cruzamento de informações retiradas da fita em que o ex-chefe do Departamento de Compras e Administração de Material, Maurício Marinho faz as revelações sobre o esquema de corrupção nos Correios e denúncias que têm chegado ao órgão através de servidores indignados com a corrupção na estatal.

Bravatas - Embora Marinho tenha dito que as declarações existentes na gravação não passaram de "bravatas", a CGU encontrou fundamento em praticamente todas as afirmações relacionadas a contratos e fornecedores. As declarações de Marinho serviram como um roteiro seguro para as investigações.

No total, a CGU investiga mais de 600 documentos, entre licitações e contratos. Para facilitar a apuração, os auditores selecionaram o calhamaço pelo conteúdo da gravação e a relevância financeira de cada contrato. "Isso não significa que os outros não serão apurados. A prioridade é a denúncia da fita e o volume de recursos", disse Hage.

Os contratos encaminhados à CPI estão relacionados a operação da rede postal noturna, aquisição de uniformes, mochilas, veículos, obras de engenharia (reforma e construção), manutenção e compra de material de informática e até compra de caixetas de papelão que uma das empresas importaria da China para fornecer aos Correios. Na próxima semana a CGU vai divulgar o resultado das investigações sobre os primeiros dez contratos onde os auditores detectaram indícios de irregularidades.