Internacional Titulo
Cuba obtém 1º registro mundial de anticorpo vegetal para vacina
Da AFP
23/06/2006 | 17:22
Compartilhar notícia


Cuba abriu uma nova porta para a pesquisa e a produção de fármacos contra doenças graves, ao registrar o primeiro anticorpo monoclonal obtido de plantas transgênicas para a elaboração de uma vacina humana, anunciaram cientistas nesta sexta-feira.

Trata-se do anticorpo CB-Hep.1, obtido de um "ancestral" da planta do tabaco (Nicotiana) que substitui o obtido com a fermentação do líquido ascítico do rato, para a fabricação da vacina contra a hepatite B.

O vice-diretor do CIGB (Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Havana), Carlos Borroto, informou à imprensa que o anticorpo vegetal, que os cientistas cubanos batizaram de "planticuerpo" (planticorpo), foi aprovado pelo CECMED (Centro Estatal da Qualidade dos Medicamentos), autoridade reguladora de medicamentos do Ministério da Saúde Pública.

O CB-Hep.1 é o primeiro anticorpo vegetal autorizado em nível mundial para a elaboração de uma vacina e o segundo para uso humano, depois da aprovação de um nos Estados Unidos para o tratamento da cárie.

O registro foi aprovado em 11 de abril passado e o CIGB já fabrica vacinas com o anticorpo vegetal sem perda de qualidade, disse Borroto, que lembrou que desde a obtenção desta vacina, "foram exportadas 145 milhões de doses sem que se tenha registrado nenhum problema de uso".

Os anticorpos usados até o presente tanto na elaboração de vacinas quanto no tratamento terapêutico humano, são obtidos através da fermentação das células de mamíferos, o que é trabalhoso, caro e se consegue em quantidades reduzidas.

O uso de anticorpos vegetais deve tornar baratear o processo, mas sobretudo resultar em maiores quantidades de anticorpos, o que permitirá ampliar a fabricação de vacinas ou os de uso terapêutico.

Segundo Borroto, a ilha tem outros projetos de anticorpos vegetais bastante adiantados, sobretudo um para o tratamento do câncer, a partir da mesma planta.

"Sem dúvida, o registro do primeiro 'planticorpo' pelo CIGB abre um caminho de amplas perspectivas no emprego desta alternativa para a produção de importantes moléculas para combater doenças devastadoras", disse o cientista.

Ainda mais, a obtenção de uma quantidade maior de anticorpos vegetais e seu menor custo, abre muitas possibilidades investigativas destas moléculas, disse por sua vez o diretor do Centro, Luis Herrera.

Borroto esclareceu que o cultivo de plantas do "ancestral" do tabaco, uma variedade não-comercial, de folhas mais grossas, se realiza em condições "de confinamento, em um substrato inerte (sem terra) e em condições de boas práticas de manufatura", o que garante um férreo sistema de biossegurança e controle.

Ele admitiu que este passo despertou o interesse internacional e que "várias companhias internacionais fortes estão buscando alianças conosco".

Segundo previsões de especialistas internacionais, a demanda potencial em nível mundial de anticorpos monoclonais será de 50 a 60 toneladas, tanto para o mercado quanto para testes clínicos, enquanto a demanda considerada realista é de 30 a 40 toneladas.

"A capacidade de fermentação de células superiores da indústria farmacêutica mundial, utilizada para a produção de anticorpos monoclonais e outras proteínas complexas, está quase totalmente explorada no presente", disse Borroto.

Os especialistas estimam que só com uma produção acelerada de anticorpos vegetais é possível multiplicar a produção atual e chegar a estas estimativas em apenas quatro anos.


 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;