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MP vai investigar secretário de Ribeirão
Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
26/05/2001 | 16:31
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O Ministério Público abriu inquérito para investigar denúncia do médico plantonista Adelino de Jesus Valeriano Nolasco contra o secretário de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires, Ronaldo Queródia (PT). Adelino, que trabalhou durante seis anos na rede pública da cidade, acusa o secretário a “induzi-lo a cometer crime de falsidade ideológica”.

“Fomos transferidos de um lugar onde prestávamos serviço à comunidade (Pronto-Socorro) para um onde ficamos ociosos (UBS). O mais grave, porém, é que fomos orientados pela direção do Hospital e pelo próprio secretário a trabalhar 20h semanais, recebendo salário compatível ao que ganhávamos à época em que trabalhávamos durante 24h. Ou seja, ganhamos sem trabalhar, pois fomos obrigados a assinar ponto. Se um munícipe descobre isso e resolve nos processar? Teremos de pagar por uma coisa pela qual não concordamos?”, disse Adelino.

Além disso, Adelino afirmou que para suprir a deficiência após a transferência dos médicos concursados, a Prefeitura fez contratos emergenciais (com duração de, no máximo, 180 dias), por meio da Faculdade de Medicina da Fundação ABC, que deveria pagá-los. No entanto, o médico disse que o pagamento é efetuado pela Prefeitura.

Na sexta-feira, mesmo dia em que Adelino foi ao Fórum, a 2ª Promotora de Justiça de Ribeirão Pires, Thelma Thais Cavarzere, protocolou a abertura do inquérito na Delegacia de Polícia da cidade. “O doutor esteve aqui, onde foram colhidas, por termo, suas declarações acerca das coisas que estão acontecendo na cidade”.

De acordo com a promotora, o inquérito será instaurado e a autoridade policial terá de ouvir todas as pessoas que estão sendo citadas nas declarações, como médicos, diretor de hospital, chefes de plantão e secretário da Saúde. “Se forem apuradas irregularidades no processo, o culpado será denunciado pelo crime contra a justiça pública, com implicações à área cível. Se o secretário for processado criminalmente, responderá pela improbidade administrativa”.

Thelma disse, ainda, que caso seja concluído que o médico mentiu, ele poderá responder por calúnia contra essas autoridades citadas. Segundo informações obtidas na Delegacia de Ribeirão, a partir de segunda, a prefeita da cidade, Maria Inês Soares (PT), já será notificada com relação a abertura do inquérito e os envolvidos começarão a ser convocados.

A promotora detalhou o depoimento: “Ele exercia a função de médico plantonista e, de repente, foi informado que deveria trabalhar na UBS do Jardim Guanabara. Acontece que fazia plantões de 24h e ganhava por essas horas trabalhadas. Na UBS, teria as terças e quartas-feiras para trabalhar durante 10h. A princípio, ele disse que não poderia cumprir o horário das quartas e foi informado que tudo bem. O doutor também não concordou em receber o mesmo salário de quando trabalhava 24h, exercendo a função durante 20h, mesmo porque a UBS só funciona 10h por dia.




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