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Embargo à carne argentina e brasileira pode provocar escassez no Chile
Da AFP
09/02/2006 | 16:34
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A suspensão das importações de carne da Argentina e do Brasil depois da descoberta de casos de febre aftosa nestes dois países pode provocar uma escassez do produto no Chile nos próximos dias, afirmaram nesta quinta-feira importadores chilenos.

O Chile importa 55% da carne que consome, principalmente do Brasil e da Argentina. Em outubro do ano passado, no entanto, o país fechou suas portas aos produtos do setor provenientes de todo o território brasileiro, depois da identificação dos focos de aftosa no Mato Grosso do Sul.

A partir de então, a Argentina passou a ser o principal fornecedor do mercado chileno. As remessas argentinas aumentaram 300% com relação às do ano anterior, chegando a 55.428 toneladas, segundo relatórios de empresas privadas.

A situação chilena se agravou nesta quarta-feira, porque o SAG (Serviço Agrícola e Pecuário do Chile) se viu obrigado a fechar as fronteiras devido ao surgimento de um foco de febre aftosa na província argentina de Corrientes.

"Como as compras de carne brasileira estão suspensas desde o ano passado, já estávamos com problemas para conseguir carne. E com a febre aftosa na Argentina, estamos sem fornecedor por enquanto", disse Elizabeth de la Barra, gerente-geral da Achic (Associação Chilena da Carne) que reúne as empresas importadoras.

"Temos um estoque que vai durar 30 dias aproximadamente. Esperamos que neste tempo os problemas com o Brasil sejam solucionados e não tenhamos escassez de carne no país", acrescentou.

Ela explicou que o comércio de carne de boi com o Brasil pode ser retomado desde que as análises do SAG limitem as restrições à zona do foco de aftosa detectado em outubro e permitam reabrir o mercado para a carne de outros estados brasileiros livres desta enfermidade

"O Chile não é um país que pode se auto-abastecer de carne porque produz pouco", explicou Barra. Além disso, destacou, "a alta dos preços não pode ser maior que o que o consumidor determina".

Alguns importadores advertiram nesta quinta-feira que, dada a escassez, os preços das carnes podem subir entre 10% e 50%.

Para Barra, no entanto, se isto acontecer, "o povo simplesmente vai deixar de comer carne vermelha e vai preferir aves, peixes e outras alternativas".

A cada 10 quilos de carne consumida por chileno no ano, pouco mais de quatro quilos são comprados no Brasil e na Argentina.

O governo chileno também tentou tranqüilizar a população, dizendo que adotará medidas de precaução para não deixar os preços subirem.

"O governo vai tomar todas as medidas necessárias", assegurou o porta-voz da presidência, Osvaldo Puccio, consultado no Palácio de La Moneda (sede do governo).

Os fornecedores chilenos, reunidos na Fedecarne (Federação de Produtores de Carne), negaram que o fim das exportações da Argentina gere escassez, garantindo que é possível recorrer às importações do Uruguai e da Austrália, que cumprem com os padrões de qualidade e higiene do SAG.

Além disso, ressaltaram que a produção local nesta época do ano é suficiente para enfrentar o fechamento dos dois mercados sul-americanos.




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