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Construtora de Sto.André recupera ‘esqueletos’
Isaias Dalle
Do Diário do Grande ABC
11/03/2005 | 14:34
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Um prédio cuja construção parou por causa de falência da empreendedora pode ser endereço de bons negócios. A Construtora Dunas, de Santo André, especializou-se nesse nicho. O mais recente produto da empresa é o edifício Bougainville, localizado no bairro Jardim, entregue oficialmente no início de março. Por mais de quatro anos, no local havia apenas um esqueleto abandonado pela mal-afamada Encol, outrora maior construtora do Brasil, que agonizou entre 1997 e 1999, e deixou atrás de si mais de 43 mil mutuários brasileiros sem o dinheiro investido nem o sonhado apartamento. Em 2000, o projeto foi retomado pela Dunas.

A empresa responde na região pela retomada das obras de nove empreendimentos que haviam sido abandonados por construtoras que sumiram do mercado. Quatro edifícios já foram entregues, e os demais estão em processo de conclusão.

Pelas características do negócio, a média de lucro obtido com a recuperação de edifícios-fantasmas – 12% – é menor do que a gerada por investimentos tocados sem sobressaltos desde a concepção à entrega das chaves – 30%, segundo cálculo da Dunas.

A rentabilidade é mais modesta por atender uma clientela que teme já ter perdido tudo, e por aproveitar estruturas parcialmente prontas. “Claro que se busca dinheiro, mas não se pode esquecer que é uma atividade de socorro a pessoas em pânico”, diz Wilson Carrillo Buranello, sócio-proprietário da Dunas.

A estratégia comercial ajudou a construtora a se capitalizar e a imprimir uma marca no mercado. Com 50 trabalhadores de obra e apenas seis administrativos, a Dunas já entregou dois empreendimentos próprios.

Confiança – A viga-mestra para transformar um esqueleto em um condomínio é conquistar a confiança de mutuários que ficaram com um mico na mão. O primeiro embate da Dunas e seus clientes é jurídico, para retirar a antiga incorporadora do negócio e entregá-lo aos compradores. Essa tentativa só é viável, segundo Buranello, se o projeto original não tiver sido financiado por bancos. “Querer brigar com eles é tolice”, explica.

Outra premissa é a de que o terreno tenha sido objeto de permuta entre os proprietários originais e a construtora falida. Na permuta, o proprietário troca a terra por um determinado número de apartamentos de valor equivalente no edifício que será erguido. Na retomada das obras, é mantida a cessão de apartamentos aos donos do terreno e, assim, todas as negociações se dão entre a Dunas e os mutuários. Os recursos são administrados por um conselho de futuros moradores, que os repassa à construtora.

Cada um dos proprietários do mais novo condomínio do bairro Jardim desembolsou aproximadamente R$ 140 mil para a conclusão dos 34 apartamentos de 136 m² e quatro dormitórios. Nas proximidades, apartamentos novos de mesmo padrão são avaliados em R$ 300 mil a 340 mil.



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