Economia Titulo Para conter aglomerações
Horário dos comércios é ampliado e, de bares, restrito

Associações celebram mais tempo para as compras e condenam contenção a bebidas

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
12/12/2020 | 00:05
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Com o intuito de conter a propagação do novo coronavírus no Estado de São Paulo, o governo revisou ontem medidas da fase amarela no combate à Covid-19. A partir de hoje, comércios poderão ficar abertos por mais tempo, até 12 horas em vez de dez. A ideia é evitar aglomeração na hora das compras. Por outro lado, bares e restaurantes ganham mais restrições; bares podem funcionar até as 20h, mesmo horário permitido para consumo de bebida alcoólica nos restaurantes, que devem fechar às 22h.

A notícia foi recebida com misto de celebração e indignação por associações comerciais do Grande ABC. Por um lado, a maior flexibilidade do varejo em dezembro, principal mês para o setor, já era pleiteada para evitar queda de até 50% no faturamento, em vez de ganhos trazidos pelas festas de fim de ano. Por outro, a demanda era para que bares e restaurantes pudessem adentrar a madrugada, até 1h, no período. Ponto que motivou até ingresso de ação judicial na quinta-feira por parte do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC) contra o governo.

Ainda segundo o Estado, a capacidade de público em bares e restaurantes está limitada a 40%. A permanência de clientes em pé está proibida, e cada mesa pode ter, no máximo, seis pessoas. O distanciamento mínimo entre as mesas deve ser de 1,5 metro, com aferição de temperatura e acesso a álcool em gel na entrada dos estabelecimentos.

“Que hora de restringir comemoração até mesmo familiar. Não consigo compreender. A gente não precisa só morrer de Covid. Estamos sendo vítimas de um nazismo muito grande por parte do governo. Eu espero que isso mude. As confraternizações vão ocorrer. As pessoas vão se reunir com todos os cuidados, toda assepssia necessária. O mais engraçado é que, estando em bares e restaurantes, sentado o vírus não pega a gente, né? E passa gente do nosso lado, falando, com máscara, sem máscara. Ou perto da mesa, a pessoa tosse, espirra e pode não ser Covid. Não é coerente. Está virando um pandemônio e não uma pandemia”, disparou José Eduardo Zago, presidente da Aciam (Associação Comercial e Industrial de Mauá).

Para Beto Moreira, presidente do Sehal, as novas medidas são muito restritivas e não apresentam soluções de fato. “Na verdade, trazem problemas econômicos locais, já que muitos estabelecimentos vão encerrar atividades, por não conseguirem passar essa fase. Infelizmente, o governo está sendo irresponsável e vai gerar desempregos, falência, fome e falta de pagamentos de uma categoria inteira.”

O presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, concorda. “As novas medidas prejudicaram bar e restaurante sem necessidade. Não dá para entender qual foi esse critério. Para o comércio, a decisão é mais sensata porque restringir significaria aglomerar mais ainda. É fato que nesta época as pessoas vão comprar e não vão deixar de consumir.”

Pedro Cia Júnior, presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), questiona o fato de não poder consumir bebida alcoólica entre 20h e 22h. “Existe explicação científica para isso? Pois só assim convenceria. Qual a diferença para o coronavírus beber até as 20h ou ate as 22h nos restaurantes?.”

SHOPPINGS

Conforme pontua Cia Júnior, os shoppings deverão ser os maiores beneficiários da ampliação do horário, isso porque a operação dos complexos é mais controlada do que as das lojas de rua, em que é mais difícil controlar os horários. Questionados, os centros de compras do Grande ABC avisaram que só estão no aguardo da publicação de decreto das prefeituras para começar a abrir às 10h novamente, em vez de ao meio-dia, e fechara às 22h.

Perguntados sobre a expectativa de vendas para o Natal diante da flexibilização, o Golden Square Shopping respondeu que a expectativa é manter o patamar de vendas conquistado na data em 2019. “Em relação ao fluxo de pessoas, esperamos que fique entre 3% e 5% menor.”

Já Atrium, Shopping ABC e Praça da Moça preveem queda de 2,5% ante 2019, conforme projeção da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers).
 




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