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S.Bernardo une forças contra evasao escolar
José Carlos Pegorim
Da Redaçao
03/07/1999 | 16:40
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Vinte e três escolas de Sao Bernardo vao protagonizar uma experiência piloto de combate à evasao escolar inédita na regiao. Numa parceria com os dois conselhos tutelares da cidade, Diretoria de Ensino, pesquisadores universitários e uma fundaçao privada, professores e diretores discutem medidas para garantir que os alunos nao desistam da escola - ou, de outra forma, que nao sejam expulsos pelas vicissitudes da vida e do sistema escolar.

Cerca de 1,1 mil casos dos 3,5 mil atendidos entre 1995 e 1998 pelo segundo Conselho Tutelar de Sao Bernardo estavam relacionados com evasao escolar. Quando puseram os números no papel, os cinco conselheiros se deram conta de que atender cada criança ou adolescente individualmente nao combateria as causas da evasao, além de ser praticamente impossível fazê-lo de forma adequada. No primeiro Conselho Tutelar, os números sao parecidos: 1,1 mil em 4,4 mil casos.

A constataçao aconteceu em outubro. Desde entao, os conselheiros vêm tentando elaborar um projeto de combate à evasao escolar envolvendo uma rede de organizaçoes sociais, explica Marco Aurélio Barbosa, 40 anos, entao recém-eleito para a funçao de conselheiro.

Depois de muitas reunioes com a Diretoria de Ensino, o primeiro resultado concreto dessa açao foi um seminário, em abril, reunindo diretores e coordenadores de ensino das escolas com professores universitários da USP (Universidade de Sao Paulo) e da PUC (Pontifícia Universidade Católica), promotores e a psicóloga Maria Júlia Azevedo, 35 anos, da Fundaçao BankBoston, que passou a atuar como assessora para o projeto. Professores, agora, irao debater tópicos do seminário nas horas reservadas às discussoes pedagógicas dentro de cada escola. Conselheiros e professores também irao se reunir uma vez por mês para trocar experiências sobre a questao.

O combate à evasao escolar faz parte das açoes empreendidas pela rede pública. Os números globais vêm, inclusive, caindo paulatinamente nos últimos anos (ver quadro). Mas, pela primeira vez, uma iniciativa reúne tantos atores sociais envolvidos na garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

"A primeira política da escola tem de ser a inclusao", diz Barbosa. "É muito mais difícil trabalhar com a criança que deixou de ir à escola", reforça a conselheira Conceiçao Vitoriano, 46 anos. A diretora do EE Prestes Maia, no bairro Planalto, Cleusa Valdeci Soprano, 37 anos, uma das 23 escolas envolvidas no programa piloto, vem descobrindo que é possível montar uma relaçao de parceria. "Percebemos que o Conselho Tutelar tem uma importância enorme para a escola. Temos muito contato com os pais, mas, quando o caso vai ao órgao, eles imaginam que é mais sério."

Segundo Cleusa, a escola percebeu que o conselho pode oferecer condiçoes para a criança se manter de fato na escola, além de simplesmente cobrar sua permanência, pondo à disposiçao uma rede de órgaos de apoio (de creches a serviços de recuperaçao em casos de dependência química).




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