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OPEP conta com a colaboraçao da Arábia Saudita
Do Diário do Grande ABC
11/09/2000 | 13:52
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A contribuiçao da Arábia Saudita é essencial para a OPEP continuar dominando o mercado, conseguir diminuir as taxas dos altos preços do óleo cru e somar no final do ano uma receita de US$ 250 bilhoes ( em 1999 foram US$ 161 bilhoes), segundo dados oficiais dos Estados Unidos.

De acordo com as novas cotas de cada país, anunciadas nesta segunda-feira pelo cartel, a Arábia fica responsável pela maior parte do aumento de 800 mil barris diários da produçao: 25% do total, cerca de 259 mil barris.

O país, que tem uma produçao atual de 9 milhoes de barris por dia, que pode chegar a 10,5 milhoes, possui reservas de subsolo imensas, as maiores do mundo. O Iraque, o segundo maior da lista, parece fora do jogo por causa do embargo da ONU.

Pela dimensao das cifras, parece que o cartel voltou à época dourada dos anos 60. E tudo isso porque há 18 meses seus membros decidiram respeitar de uma vez por todas suas cotas de produçao, um sistema que parecia morto e enterrado desde a Guerra do Golfo.

Entretanto, as aparências enganam, principalmente no mundo do petróleo. ``A Opep muda e tenta adaptar-se', explicou no domingo o ministro venezuelano de Energia, Ali Rodríguez.

O mundo e os mercados também se transformaram com as mudanças da organizaçao. Há 25 anos, o cartel dominava mais de 60% do mercado. Em 2000, sua cota representava menos de 40%. Novas jazidas fizeram brotar novos concorrentes.

Para mostrar ao mundo que ainda existia e nao romper a solidariedade interna, o cartel começou a restringir de forma rígida suas cotas em março de 1999.

``O petróleo nao se entrega imediatamente', recordou neste domingo o analista norte-americano F.K.Aljibury. ``Tudo tem que estar programado (em contratos de futuros) para assegurar que será entregue no tempo determinado, além disso existe a distribuiçao rotineira', disse.

O cartel sabia em março de 1999 que se respeitasse as cotas, acabaria colocando o mercado nervoso. Isto foi o que aconteceu, primeiro gradativamente, depois o processo se acelerou com a aproximaçao do inverno nos países ricos (1999-2000).

Também foi a queda da temperatura na Europa que determinou o aumento de 800 mil barris diários decidido no domingo. Só que agora, o interesse nao é aumentar a cotaçao do barril de petróleo, mas causar uma queda lenta mais contínua do seu preço, que bateu o recorde dos US$ 34 na semana passada.

``A Opep nao interessa provocar uma grande crise petrolífera no Ocidente', afirmou David Kern, da companhia Natwes, em Londres. Seria uma atitude suicida para quem possui uma participaçao de 40% no mercado, recordam outros especialistas.

Entretanto, nestes 18 meses o mundo continuou se movendo e o mercado pôde descobrir que o cartel nao tem toda capacidade que anuncia.

``Nao houve nenhuma açao para aumentar a produçao, exceto nos Emirados e no Kuwait e a capacidade de aumento destes países é muito limitada', explica F.K. Aljibyry.

Bill Newman, consultor de um firma texana dos Estados Unidos, foi mais longe em sua análise. ``Creio que a Arábia Saudita colocou mais petróleo à venda do que o mercado está disposto a comprar, pelo menos com os preços atuais', disse.

Em situaçao ruim estao países como o Ira e a Venezuela, os que menos podem produzir, segundo eles próprios dizem. Apesar disso, os sauditas disseram que se for necessário aumentarao ainda mais as cotas de produçao. E a solidariedade interna do cartel continua enquanto o dinheiro entra para todos.




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