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Mercadante afirma que não há acordo de transição com o FMI
Do Diário OnLine
18/07/2002 | 18:33
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O deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou nesta quinta-feira, após duas horas de reunião no Banco Central (BC), que não há negociações em curso para um acordo de transição com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O assessor econômico da candidatura petista à Presidência discutiu com Armínio Fraga (presidente BC) propostas para a economia do país e sugeriu uma política de transição do atual governo para o próximo, que assume em 1º de janeiro de 2003.

Durante entrevista coletiva concedida no próprio BC depois do encontro, Mercadante mostrou-se satisfeito com a notícia de que não há um acordo de transição com o FMI e chamou o vínculo com o Fundo de uma 'terapia de emergência' para o país. "Ficamos muito satisfeitos com a notícia de que não há nenhum acordo em curso. O FMI representa uma UTI e nós temos de trabalhar para sair dessa UTI", afirmou. Mas Fraga, segundo o próprio Mercadante, afirmou que não está descartada a hipótese de um acordo do tipo – coisa que o petista quer evitar.

O articulador econômico do PT reafirmou que o partido tem a intenção de promover "mudanças profundas" no país e defendeu a necessidade de uma transição com responsabilidade. Mercadante citou o exemplo da África do Sul após a eleição de Nelson Mandela e disse que um país com a extensão geográfica e a diversidade do Brasil tem condições de promover um processo transitório sem a intervenção do FMI.

Mercadante contou ainda que propôs a Fraga uma política de transição com dois eixos fundamentais, que podem ser convergentes entre todas as forças políticas e econômicas. O primeiro ponto é a aprovação ainda este ano de uma pequena reforma tributária no Congresso Nacional, com um "aumento substancial" dos recursos do Proex (fundo para exportação do BNDES), para melhorar o acesso de produtos brasileiros aos mercados internacionais. O outro ponto é um trabalho do governo centrado na manutenção do nível de emprego e da atividade econômica, para evitar o avanço do processo recessivo.

Mercadante reafirmou ainda que o PT tem compromissos com o câmbio flutuante, com a responsabilidade fiscal e com um sistema de metas de inflação, não descartando a adoção de um sistema mais flexível que o atual. Sem criticar Armínio Fraga, o deputado fez ataques diretos ao ministro Pedro Malan (Fazenda) e disse que ele não pode cobrar comprometimento do PT o câmbio flutuante ou a responsabilidade fiscal.

"O ministro não tem de cobrar compromisso da oposição com o câmbio flexível porque quem sempre defendeu esse regime fomos nós. Ele, ao contrário, manteve e defendeu por quatro anos o câmbio fixo. Quanto à responsabilidade fiscal, nossas administrações já ganharam até prêmios por causa disso", afirmou.

Relaxado - Mostrando bom humor, Aloizio Mercadante contou que a conversa com Fraga "começou tensa, mas terminou bem". E saiu-se com uma explicação inusitada para a tensão: "acho que foi por causa da fome", comentou. A reunião de duas horas entre Mercadante e Fraga teve direito a um almoço.

O deputado explicou ainda que evitou a imprensa em sua chegada ao BC porque "estava em cima da hora". Mercadante entrou no BC pela garagem, escapando dos repórteres que o esperavam na porta principal.




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