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Tony Blair enfrenta dilema com o fim das greves
Do Diário do Grande ABC
15/09/2000 | 13:27
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O fim do bloqueio às refinarias criou, paradoxalmente, um dilema para Tony Blair: reduzir os impostos sobre os combustíveis e dar razao aos manifestantes ou manter as taxas e enfrentar outra série de protestos.

O primeiro-ministro britânico conseguiu o fim dos bloqueios na quinta-feira sem ter prometido nada aos caminhoneiros e aos agricultores. Entretanto, ele teve que ir contra a opiniao da maioria dos ingleses, que compartilham a indignaçao dos manifestantes em relaçao ao preço da gasolina na Inglaterra, o mais caro de toda a Uniao Européia.

Na verdade, ele só conseguiu uma trégua com parte das manifestaçoes, que lhe deu 60 dias para reduzir os impostos dos combustíveis, sob a ameaça de retomar o movimento.

``Tanto Blair como (o chanceller alemao Gerhard) Schroeder estao preocupados em nao dar a impressao ter cedido à pressao das ruas', disse Steven Everts, analista do Centro para a Reforma na Europa. ``Agora que os ânimos se acalmaram, ficarei muito surpreso se alguma atitude for tomada para reduzir os impostos', acrescentou.

Segundo uma pesquisa realizada pelo jornal Daily Express, 84% dos ingleses querem a reduçao das taxas da gasolina. O próprio Blair parecia disposto a tomar uma atitude neste sentido ao dizer que ``escutará as reivindicaçoes sinceras e fundamentadas dos manifestantes'.

Os impostos representam 76,8% do preço da gasolina sem chumbo na Inglaterra, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), um recorde na Europa.

O litro da gasolina sem chumbo ultrapassa 0,80 libras (US$ 1,04), que parece pouco justificado para o consumidor inglês que dispoe de reservas petrolíferas próprias no Mar do Norte.

``Tony Blair tem que mostrar que faz algo, afinal, governar também é a arte de responder (às aspiraçoes da populaçao)', disse John Barnes, um especialista da Escola de Economia de Londres.

A dificuldade para o primeiro-ministro será fazer alguma coisa sem dar a impressao de que nega suas posiçoes durante o conflito no qual advertiu que uma reduçao fiscal obrigaria a gastar menos em educaçao e saúde.

Tony Blair, que tem como prioridade parecer um dirigente forte, aparentou também que nao vai ceder a nenhum grupo. A previsao é que o primeiro-ministro nao faça concessoes gerais, entretanto, tentará fazer algo em particular para as regioes agrícolas, como por exemplo, reduzir os impostos da gasolina nestas áreas, estima Barnes.

``O governo aproveitou o momento em que o preço do petróleo andava em baixa para aumentar os impostos, e a gente em conseqüência nao pôde se beneficiar da reduçao dos preços', ressalta Everts.

A imprensa sensacionalista inglesa pede a renúncia, as pesquisas de opiniao mostram que a populaçao responsabiliza o primeiro-ministro britânico Tony Blair pelas manifestaçoes contra a alta dos preços dos combustíveis.

Os analistas acham difícil a renúncia de Blair, mas consideram que esta foi a pior crise desde que assumiu o cargo.




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