Governo paulista separou R$ 520 mi no orçamento de 2015 para obras; agora, prevê reserva de R$ 20
O governo de São Paulo já chegou a reservar valor de R$ 520,3 milhões do orçamento estadual na tentativa de destravar projeto de Metrô ao Grande ABC, cenário bem diferente da estimativa de R$ 20 da gestão João Doria (PSDB) ao BRT (sistema de ônibus de alta velocidade) e à Linha 20-Rosa (Santo André-Lapa) para 2021. O montante mencionado, maior fatia no período de negociações, foi apontado para o exercício de 2015, firmado logo após assinatura do contrato da Linha 18-Bronze. A previsão de recursos, contudo, desabou diante das frustrações para financiar as desapropriações do traçado.
As promessas de transporte de massa para interligar a região à Capital aparecem nas peças orçamentárias do Palácio dos Bandeirantes desde 2012, conforme levantamento do Diário, entre as propostas das linhas 18, 20 e BRT ABC. Nada concreto saiu do papel no período, a despeito de governos consecutivos do PSDB e celebração do vínculo em 2014 da Linha 18, substituída pelo BRT cinco anos mais tarde, sob justificativa de inviabilidade financeira. O objeto da troca é avaliado em R$ 680 milhões.
No fim de 2011, primeiro ano de retorno de Alckmin ao cargo, ele encaminhou orçamento de 2012 em que constavam R$ 153,2 milhões para elaboração do projeto de engenharia. No ano seguinte, estimou R$ 65 milhões, com descrição de apoio à PPP (Parceria Público-Privada) – inseriu também, à época, interesse na Linha 20, com R$ 70 milhões. A previsão de 2014, ano eleitoral, indicou R$ 414,1 milhões na peça. No exercício subsequente reservou a quantia recorde. Para 2016, apesar de nenhum avanço, baixou a R$ 269,9 milhões. Os valores em 2017 e 2018 caíram para R$ 20,8 milhões e R$ 1 milhão, respectivamente, além de R$ 40 para 2019.
O Diário mostrou que o Estado reservou módicos R$ 10 para o BRT no orçamento de 2021, valor idêntico ao destinado para a Linha 20-Rosa, do Metrô. Aliás, a rubrica mínima – apenas simbólica, praxe quando não se tem montante específico ao projeto, necessária, contudo, para eventual transferência no decorrer do exercício – também foi empregada pela gestão tucana no ano vigente, embora a previsão era iniciar no primeiro semestre as obras para implantação do modal. Não há detalhes se a proposta sairá por edital ou extensão de contrato em andamento com a Metra.
O Palácio dos Bandeirantes, já sob comando de Doria, extinguiu em agosto o acordo referendado em 2014 com o Consórcio Vem ABC, vencedor do processo licitatório e responsável pela construção e operação da Linha 18 – a cargo do Estado coube financiar as desapropriações, situação que naufragou neste intervalo. O acerto foi assinado na ocasião pelo correligionário Geraldo Alckmin, que exerceu dois mandatos em sequência (2011 a 2018), sem conseguir concluir o compromisso de campanha, estendido pelo afilhado político – plano enterrado em julho de 2019.
A Linha 20 foi desengavetada à época do anúncio do BRT, no ano passado. O projeto ficou por quatro anos abandonado. Atingiu patamar de R$ 70 milhões em 2013, visando bancar estudos preliminares, só que teve queda na sequência. A última menção antes do ressurgimento havia sido em 2015, com R$ 2 milhões, mesmo valor do ano anterior. Depois disso, desapareceu da previsão.
O governo Doria sustentou que a implementação dos projetos do BRT e do Metrô no Grande ABC é uma das prioridades da administração, que, atualmente, estuda e analisa as melhores possibilidades de atender à região. Já havia afirmado também que o BRT é uma das únicas obras de mobilidade que ainda não tiveram início e que serão mantidas nos planos de curto prazo do governo do Estado.
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