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Minoritários ameçam processar Telefónica na Espanha e outros países
Do Diário do Grande ABC
29/12/1999 | 15:15
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A Telefónica, a maior companhia privada da Espanha e uma das principais operadoras na América Latina, vai terminar o ano como a empresa que mais processos enfrentou e a que mais vezes apareceu (negativamente) nas páginas da imprensa espanhola. Faltando apenas dois dias para a virada do milênio, a Telefónica está sendo ameaçada pela Templeton (um dos maiores fundos de investimento norte-americano) por causa de uma operaçao aparentemente irregular no Chile.

De acordo com o "El País", o mais importante da imprensa espanhola e um dos mais influentes na Europa, a relaçao da companhia com seus sócios minoritários na América Latina - bastante satisfatórias até o início deste ano - começou a mudar quando a recessao econômica na regiao fez sentir seus efeitos e as autoridades dos órgaos de regulamentaçao forçaram uma reduçao nas tarifas. Para compensar o efeito dessas reduçoes nos resultados da Telefónica, o presidente da companhia, Juan Villalonga, decidiu, entao, separar os ativos com mais prespecticvas de crescimento.

Foi o que ocorreu com a Terra, portal da Telefónica na Internet. A entrada da Terra em cena, no dia 17 de novembro, foi de alguma forma, espetacular, com valorizaçao de quase 250% das açoes no dia em que começou a ser cotada na Bolsa de Madri. Mas essa euforia no mercado contrastou com a rebeliao dos sócios minoritários da Terra, entre eles fundos de pensao e fundos de investimento, como o Templeton, que ameaçou processar a Telefónica em Madri e em Nova York por uma operaçao irregular com os acionistas minoritários no Chile.

De acordo com o "El País", a CTC Chile, subsidiária da Telefónica no Chile, anunciou, no início de outubro, a venda e sua carteira de 74 mil clientes de sua divisao de Internet (TelefónicaNet) à Terra por US$ 48 milhoes. Essa operaçao supunha, naquele dia, uma valorizaçao de US$ 649 por cliente.

No entanto, quando a Terra - com uma carteira de quase 861 mil clientes - saiu à oferta pública seu valor de mercado chegou a US$ 13,64 bilhoes. Isso significou uma valorizaçao de US$ 15 48 mil por cliente ou 24 vezes o preço por cliente pago à CTC Chile. Isto é, os acionistas minoritário da CTC perderam, ao todo, US$ 1,124 bilhao nessa operaçao, comandada pela Telefónica. "Em consequêcia dessa transçao, cada acionista da CTC Chile perdeu US$ 1,17 por açao", argumenta o Templeton Emerging Markets Fund, que tem investimentos de cerca de US$ 500 milhoes nas subsidiárias da Telefónica na América Latina.

Embora esses cálculos nao sejam tao simples, o Templeton exige US$ 1,124 bilhao de compensaçao para os acionistas minoritários da CTC Chile. Fontes consultadas pelo jornal espanhol afirmam que a estratégia da Telefónica em relaçao aos minoritários está entre o "limite do legal e o ilegal", mas lembram que a direçao da CTC Chile aprovou a operaçao de venda da TelefónicaNet à Terra. A aprovaçao teve, no entanto, dois votos em contra, que correspondiam justamente ao dos representantes dos fundos de pensao e de investimentos.

A Templeton argumenta ainda que a Telefónica sabia, previamente, o valor real da TelefónicaNet, mas, deliberadamente nao informou aos acionistas minoritários nem aos membros independentes do conselho de adimistraçao da CTC. "Terra representa hoje 10% do valor total da Telefónica. A capitalizaçao de mercado da Terra em Nova York é de 10%.

As açoes da Telefónica subiram de forma espetacular, as da CTC caíram. Isso, de alguma foma, representa cerca de US$ 1 bilhao. Ou seja, o que os acionistas minoritários da CTC Chile perderam com essa operaçao chega a US$ 2 bilhoes", argumenta o Templeton, que pretende processar a companhia espanhola em vários países, e nao só na Espanha e nos Estados Unidos.

"O montante de dinheiro que reivindicamos deixaria zonzo qualquer juiz, por isso vamos ter de agir, principalmente, em Madri, onde estao os responsáveis da Telefónica", disse ao "El País" Mark Mobius, presidente da Templeton Emerging Markets. Mobius acredita que a melhor soluçao seria um intercâmbio de açoes, caso haja algum acordo. Esse intercâmbio seria por açoes da CTC Chile, Telefônica (ex-Telesp) e de outras subsidiárias da Telefónica na América Latina.




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