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Michelle Bachelet terá de mudar de estratégia para vencer 2º turno
Da AFP
12/12/2005 | 17:50
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A vitória da socialista Michelle Bachelet no primeiro turno das eleições presidenciais chilenas, com 20 pontos percentuais a mais do que o empresário de direita Sebastián Piñera, deixou a sensação de que a ex-ministra da Defesa terá que lutar e mudar de estratégia para o segundo turno, em 15 de janeiro.

Michelle - líder da Concertación, uma coalizão de partidos de centro-esquerda - e Piñera, que carrega agora a bandeira da direitista Aliança pelo Chile, terão um duro mês pela frente para conquistar o eleitorado de centro, que possui a chave da vitória.

A socialista obteve 46% dos votos, contra 25,4% de Piñera, que foi confortado pelo apoio imediato do conservador derrotado Joaquín Lavín (23% dos votos). "Os 46% de Michelle Bachelet são menos do que obteve Ricardo Lagos em 1999, e substancialmente menos do que conseguiram os candidatos parlamentares da Concertação", acima de 50% em ambas as câmaras, comentou o analista político Patricio Navia.

O analista acha que, apoiada por Lagos, cuja popularidade é de 71%, e pela excelente fase econômica, Michelle poderia ter tido um resultado melhor. "A campanha de Michelle Bachelet teve erros imperdoáveis. Agora, ela deve adotar uma estratégia destinada a captar votos moderados", comentou. Michelle Bachelet deve se tornar a verdadeira herdeira de Lagos, ou seja, adotar uma postura de centro", acrescentou o analista.

"A diferença é muito estreita, e iremos assistir a uma corrida contra o relógio para captar os votos de Lavín e Hirsch, que representam cerca de 30% do eleitorado", assinalou o sociólogo Eugenio Tironi. "Temos que ver com que rapidez os dois fecham acordos, cada um para o seu lado. No segundo turno, Michelle Bachelet está certa de recuperar parte dos votos de Hirsch, e também algo de Lavín, porque o pacto entre Piñera e Lavín não será de ferro", acrescentou.

Para Michelle, "o resultado foi satisfatório, um pouco menos do que ela esperava, mas não foi um desastre", comentou o sociólogo. "O segundo turno será duro, não apenas porque no papel os votos conjuntos de Lavín e Piñera superam os de Michelle Bachelet, mas também porque quando os políticos sentem a perda do poder, a competição se torna muito feroz", destacou Héctor Soto, analista editor da revista "Capital".

O analista Ascanio Cavallo acredita que, para Michelle, a eleição "não teve um bom resultado", mas afirmou que a ex-ministra está em vantagem. "Piñera acha que seus 25,4% são uma enorme vantagem para quem partiu do zero há muito pouco tempo. Mas não se aproximou dos 28% com que sonhava para ameaçar seriamente Michelle Bachelet. Piñera deve obter o dobro do que conseguiu no primeiro turno, e ainda vencer a resistência da facção do agora sócio Lavín, já que as duas vertentes têm diferenças históricas muito grandes", comentou.

Em seu discurso na noite de ontem, horas depois do fim das eleições, Michelle fez uma espécie de mea-culpa: "Gostaria de ter vencido no primeiro turno, nosso resultado poderia ter sido melhor. Talvez nossa mensagem não tenha chegado a todas as pessoas com a clareza necessária", disse.




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