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Falta vaga de emprego para trabalhador qualificado
Soraia Abreu Pedrozo
Com AE
11/03/2010 | 07:00
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Apesar da boa notícia da expectativa da geração de 2 milhões de empregos neste ano, divulgada ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o País ainda segue com alto excedente de mão de obra, já que para 2010 se espera demanda de 18,6 milhões de trabalhadores frente à disponibilidade de cerca de 24,8 milhões de pessoas.

O número é composto pelo estoque atual de desempregados, de 6,5 milhões, da entrada de 1,7 milhão de novos profissionais no mercado de trabalho e da expectativa de que 16,6 milhões de empregados sejam demitidos neste ano.

O problema, de acordo com o estudo ‘Emprego e Oferta Qualificada de Mão de Obra no Brasil: Impactos do Crescimento Econômico Pós-Crise', é que dos 24,8 milhões de trabalhadores disponíveis, apenas 19,3 milhões possuem qualificação e experiência profissional.

"Ou seja, 22,2% (5,5 milhões) dos trabalhadores não possuem qualificação segundo os níveis considerados necessários pela demanda existente", diz o levantamento. Esse contingente de pessoas dificilmente arranjará emprego, acredita o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, que defende políticas públicas como a transferência de renda para combater o problema.

Considerando a demanda de 18,6 milhões e a disponibilidade de 19,3 milhões de profissionais qualificados, cerca de 700 mil com experiência profissional não deverão encontrar colocação no mercado de trabalho neste ano.

Pochmann, explica que parte desse contingente foi demitida durante a crise econômica - iniciada no último trimestre de 2008 e que tomou quase todo o ano de 2009 - e ainda não encontrou emprego. "Uma parcela importante atuava na indústria, que foi o setor mais atingido pela crise e ainda não se recuperou totalmente", afirma.

DESCOMPASSO - A indústria deve ter excedente de 145 mil trabalhadores qualificados no País, seguida pelo setor agrícola, com 122 mil. Outros segmentos, contudo, devem registrar escassez de profissionais, como a construção civil, de 38,4 mil, e comércio, de 187 mil pessoas.

No âmbito nacional, os setores com excesso de mão de obra qualificada, além da indústria, devem ser o de outros serviços sociais, coletivos e pessoais (612,2 mil trabalhadores) e o agrícola (122,5 mil).

Na outra ponta, a da escassez, devem faltar especialistas também em Saúde, Educação e serviços sociais (50,1 mil) e alojamento e alimentação (45,2 mil).

Os Estados do Paraná e de Santa Catarina também poderão registrar falta de mão de obra qualificada e com experiência profissional, em especial na indústria. Estados como Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, por outro lado, devem ter excesso de profissionais qualificados nos mesmos setores registrados em São Paulo.

Embora tão problemática quanto o excedente, a escassez de mão de obra qualificada é considerada um "problema bom" por Pochmann. "Isso não acontece desde o milagre econômico dos anos 1970", lembra. O desafio para o setor público e privado, diz, é antecipar as mudanças no perfil do mercado de trabalho a fim de casar oferta e demanda de mão de obra no tempo e lugares certos.




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