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Chuvas e Dia da Mulher provocam alta das flores
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
28/02/2010 | 07:37
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As chuvas deste início de ano causaram alta no preço das flores. Comerciantes atacadistas do Mercado de Flores, localizado dentro da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), registram acréscimo de 5% no custo médio dos produtos comercializados no local. Além disso, a proximidade do Dia da Mulher - comemorado no dia 8 de março - aumenta a procura pelo item em cerca de 45%, o que fará com o que os preços subam ainda mais.

"Quando se trabalha com flores, usa-se inseticidas e as chuvas atrapalham muito. O produto acaba não tendo o mesmo efeito e isso afeta principalmente as rosas", explica o coordenador do espaço, Francisco Marques.

Com a demanda aquecida por conta da comemoração para as mulheres, o coordenador prefere não arriscar o índice de novos reajustes. "Se cair um temporal nesta semana teremos ainda mais oscilação. Nossa pesquisa mostra que o aumento por conta das novas chuvas vai coincidir com o do Dia da Mulher. Há especulação por conta do mercado porque se aumenta procura, preços sobem. É a lei da oferta", atesta.

Segundo Marques o crescimento nas vendas em 45% não engloba apenas a data comemorativa às mulheres, mas também Dia das Mães, em maio, e dos namorados, em junho. "Nossa estimativa máxima é essa. Esse é o pico que alcançamos no ano passado e média esperada para este ano."

O coordenador avalia ainda que a alta nos valores do atacado pode comprometer o panorama. "A chuva e os preços altos talvez façam com que vendamos menos no Dia da Mulher. Não contamos com isso, mas pode ocorrer", diz.

O mercado - O Mercado de Flores vende em média 52 toneladas por mês é dirigido ao atendimento de lojistas do Grande ABC. O local funciona todas às quartas-feiras e sábados das 5h às 11h e dispõe de variedade de flores, folhagens, acessórios para flores, componentes para coroas de flores, forração, bonsais e paisagismo como arranjos artificiais, árvores de pedra e enfeites para jardim.

O mercado tem 900 m² e atrai pela diversidade e bons preços. Desde abril de 2009, quando foi ativado para comercialização, o espaço já recebeu mais de 24 mil visitantes.

Floriculturas esperam dobrar vendas na data
Floristas do Grande ABC afirmam que o Dia Internacional da Mulher já ocupa a terceira colocação como melhor data para vendas de flores, perdendo apenas para o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. Neste ano, eles esperam vender até 100% mais do quem em dias comuns. Em 2009, as floriculturas aumentaram em 30% a saída do produto na data.

"A média é boa porque existe muita procura pelo produto. É uma comemoração que está pegando", diz Florismundo da Costa, proprietário de cinco floriculturas em Diadema.

Alcides Araújo Feitosa, dono, da Floricultura Belita em Santo André, avisa que a divulgação da data é fundamental para o crescimento nas vendas. "Se tiver propagandas, a procura é muito maior. Como neste ano, o dia 8 cai na segunda-feira, esperamos saída 100% maior, pois no fim de semana teremos muitas reportagens sobre isso. As pessoas não costumam lembrar datas, então, se a mídia divulga, ajuda", declara.

A florista mauaense Elizabete Martins é a única que não aguarda ansiosa a chegada de março. Segundo ela, o movimento na loja não cresce por conta da comemoração. "Estamos com medo de comprar e encalhar, porque flor é algo que perdemos muito rápido."

A lojista afirma, no entanto, que no ano passado comprou o dobro de flores no período e não perdeu o estoque. "Sobrou pouco e esperamos bater a mesma meta neste ano", conta.

Menos lucro - Apesar do aumento no movimento, o alto custo das flores fará com que os comerciantes percam parte da margem de lucro com os produtos. Além das chuvas, maior procura no atacado faz com que os preços subam ainda mais (veja arte ao lado).

"Para não encalhar o produto, diminuímos o percentual de lucro. Aumentou a demanda, subiram os preços", alerta Costa.

O florista explica que as rosas - item mais procurado nas datas comemorativas - chega a custar 100% a mais. "É algo exorbitante. Se tivermos de repassar ao consumidor o que o produtor nos cobra, teríamos de triplicar o preço."

De acordo com Costa, a proximidade entre a data e o Dia das Mães também contribui para os altos valores dos produtores. "Em março, eles começam a podar rosas para o Dia das Mães. E com maior saída no varejo, os custos disparam no atacado."

Já Feitosa não reclama dos reajustes nos produtos. "Comprador fiel ainda está conseguindo preço bom."

Rosas, orquídeas e begônias saem mais
Comerciantes do Mercado de Flores já registram aumento na procura de produtos com a proximidade do dia da Mulher. Segundo eles, rosas, orquídeas e begônias são as preferidas entre os consumidores.

"Os filhos compram mais orquídeas para as mães, violetas também, mas menos. Já os namorados sempre preferem rosas vermelhas. Tenho sete caixas de orquídeas encomendadas para a data e o movimento começa a crescer a partir de quarta", diz Cristina Siotone, dona de um dos espaços do mercado localizado na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

Adriano Jesus dos Santos, também proprietário de uma das barracas, diz que nesta semana as begônias e orquídeas já apresentam alta de 60%. "Estávamos vendendo por R$ 10, agora, está saindo R$ 16. A chuva atrapalhou e elevou nossos custos."

Segundo ele, a alta das flores será mais sentida no feriado de Dia das Mães. "Os produtores estão com problemas por causa do tempo e é sempre quando temos mais procura. Vai pesar bem no bolso."

Apesar dos preços elevados, os comerciantes esperam dobrar vendas no período. "Se vendermos pouco, devemos chegar a 30% de melhora", completa Santos.

Já Luiza Pitaggi, moradora de São Bernardo e dona de um quiosque de flores no Shopping Tatuapé, alerta que os valores ainda não afetaram as compras no varejo. "Estamos pegando bons preços ainda, mas sabemos que vai subir por causa da procura pela comemoração", atesta.

Para quem trabalha com decorações de eventos, como Karen Muniz, a solução é esperar a passagem do feriado para organizar festas. Ela afirma que os preços variam 60% nas semanas que antecedem as comemorações. "Trabalho mais com casamentos. Não aceito festas que fiquem há uma semana do Dia da Mulher, Dia das Mães, nem dos Namorados. Os custos das flores, mesmo as artificiais, sobem muito", conclui.




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