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Banco de Alimentos no ABC depende de vontade política
Vinícius Casagrande
Do Diário do Grande ABC
01/02/2003 | 17:45
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O coordenador do Banco de Alimentos de Santo André, João Tadeu Pereira, esteve nas duas últimas semanas em Brasília para passar a experiência do projeto andreense para a equipe do programa Fome Zero, prioridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Banco de Alimentos servirá como uma das referências para o projeto que pretende erradicar a fome em todo o país. E, para Pereira, essa é uma ação essencial para o sucesso do Fome Zero, principalmente porque ajudará na distribuição dos alimentos. O coordenador do Banco de Alimentos de Santo André afirmou que a principal dificuldade que as prefeituras terão para a sua implementação será a vontade “política de fazer”.

Segundo ele, algumas dificuldades passadas pelo município não existirão nos projetos a serem implementados. Isso porque a equipe do Fome Zero fará consultoria para auxiliar os demais governos que pretendem colocar o Banco de Alimentos em prática. Com a experiência adquirida em Santo André, Pereira já vislumbra a possibilidade de se transferir definitivamente para o governo federal para auxiliar na implementação dos bancos de alimentos em todo o país. “De repente pode acontecer, mas por enquanto não tem nada certo. não existe nem convite”, afirmou.

Diário – O sr. passou as últimas duas semanas em Brasília para se reunir com a equipe do programa Fome Zero para falar sobre o Banco de Alimentos de Santo André. Como foram essas reuniões?
João Tadeu Pereira – Na verdade fui convidado como colaborador eventual. O Banco de Alimentos foi citado para fazer parte do projeto e entramos para discutir qual seria o papel do governo federal para tratar do Banco de Alimentos. Chegamos à conclusão de que se deve estimular a criação dos bancos pelo Brasil todo, naquelas cidades que têm potencial para isso. Estamos elaborando cartilhas, vai ter uma produção de vídeo para mostrar uma série de experiências, e atuar também junto ao BNDES para ver se o banco abre uma linha de crédito mais barato.

Diário – A participação do sr. na discussão do Fome Zero se encerra com esse anúncio, com essa discussão, ou vai continuar ao longo de todo o projeto?
Pereira – Ela continua até pela questão da experiência. Como o Banco de Alimentos em Santo André se tornou uma referência, vamos cada vez mais capacitar esse projeto para que ele possa colaborar não só agora, mas durante todo o mandato do presidente Lula.

Diário – O Banco de Alimentos de Santo André beneficia quantas pessoas?
Pereira – Trabalhamos com complementação de refeições. É um tanto complicado dizer que beneficiamos tantas mil pessoas, porque de repente enviamos para uma entidade que tem 300 pessoas, mas complementamos a refeição de 150, em determinado dia. Então, a gente trabalha com essa idéia de complementar a refeição. Todos os bancos trabalham com uma média de um quilo de alimento arrecadado para complementar quatro refeições. Segundo dados da Prefeitura, em 2002 foram complementadas 2,3 milhões de refeições.

Diário – O Banco de Alimentos tem a finalidade de trabalhar para as entidades e não para as pessoas?
Pereira – Só para as entidades, porém, com algumas exceções. Vamos dar um exemplo: o Jardim Santo André é uma região muito carente de Santo André. Então, quando a gente tem uma doação muito grande, até atendemos essas entidades que fazem distribuição, porque no sábado a maioria das entidades está fechada. As creches, por exemplo.

Diário – Qual o custo do projeto, tanto para implementá-lo como para operá-lo?
Pereira – Normalmente, para instalação nós conseguimos muita coisa com parceria. Praticamente, nós colocamos mão-de-obra e ganhamos todo material de reforma. Para a gente começar a operar o banco, colocamos, no máximo, R$ 20 mil. Os funcionários já eram da Prefeitura. Toda Prefeitura tem duas ou três pessoas que pode deslocar para fazer esse trabalho.

Diário – O sr. vai dar consultoria também às demais prefeituras?
Pereira – Eu, na verdade, ainda não fui nomeado aqui (em Brasília), porque sou de Santo André. Mas eu poderia fazer isso por meio de uma parceria com o Banco de Santo André. Se por acaso, no futuro, eu viesse para cá, continuaria dando consultoria. Mas, por enquanto, ainda sou coordenador do Banco Municipal de Alimentos de Santo André.

Diário – Então existe a possibilidade de o sr. deixar o Banco de Alimentos de Santo André e ir para o governo federal, trabalhar nessa questão?
Pereira – Não sei. De repente pode até acontecer. Mas por enquanto não tem nada certo, não existe nem convite.

Diário – Quais serão as principais dificuldades que o Ministério e as prefeituras terão para implementar o banco no restante do país?
Pereira – Acredito até que sejam de locais para funcionamento, de equipamentos e transporte. Vamos sugerir tudo como existe no banco que já está funcionando. Nessa parte operacional eles não vão ter dificuldades como nós tivemos no início. Toda essa tecnologia operacional que a gente adquiriu, vamos passar. O maior problema seria a decisão política de fazer o programa e se a Prefeitura teria condições de arcar com algum custo com funcionários.

Diário – O sr. vê o programa do Banco de Alimentos como projeto essencial para resolver o problema da fome?
Pereira – Sim. Eu acredito até como meio de distribuição, porque existem outros projetos em Santo André, como o Centro Regional de Distribuição. Todas as doações para o governo federal, então, vão para o Centro Regional de Distribuição e, onde tiver o Banco de Alimentos, é claro que poderia ser o Banco de Alimentos. Então, já poderia agir dessa forma, porque já tem toda uma tecnologia para fazer, sabendo o alimento que pode receber e o que não pode.

Diário – O programa Fome Zero foi anunciado pelo presidente e já começou a receber várias críticas, como, por exemplo, em relação ao cartão-alimentação. Como a equipe toda do programa tem recebido essas críticas?
Pereira – Aqui, todo mundo vê com muita tranquilidade, porque em todo início acontecem várias críticas. O importante é que todos estão empenhados em trabalhar e encontrar soluções para o problema da fome no país.




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