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Avião da Nasa bate recorde de altura em vôo horizontal
Das Agências
14/08/2001 | 20:09
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O avião experimental Helios, um aparelho movido a energia solar, com propulsão a hélice e sem tripulação, bateu nesta segunda-feira o recorde mundial de altitude em vôo horizontal ao chegar a 96,5 mil pés (29,41 quilômetros) sobre o Pacífico, mostrando a validade de um novo conceito desenvolvido pela Nasa, o do "satélite voador".

A gigantesca nave heliopropulsada decolou às 8h49 locais (15h49 de Brasília) da base aeronaval Pacific Missile Range, na ilha de Kuai (Havaí), e estabeleceu esse recorde às 16h09 locais (23h09 de Brasília), informou Jenny Baer-Reidhart, porta-voz do centro de testes em vôo de Dryden, na base de Edwards, na Califórnia.

Os controladores do Helios, que esperavam ultrapassar a barreira simbólica dos 100 mil pés (30,48 quilômetros), precisaram tomar a decisão de fazer o aparelho descer porque os indicadores marcavam que a taxa de velocidade de subida tinha despencado a zero por causa da falta de ar. Nesta altitude a temperatura externa era de -40,5°C. Para atingí-la, o Helios demorou oito horas.

"Este vôo nos permite demonstrar que uma gigantesca asa voadora pode alcançar altitudes elevadas graças à energia solar", se congratulou Fred Johnson, porta-voz do Centro de Pesquisa aérea da base. O recorde precedente para um avião propulsado a hélice data de 1998, e foi conseguido pelo Pathfinder Plus, uma versão menor do Helios.

Os cientistas estimam que um dia será possível substituir alguns tipos de satélites, já que Hélios funciona com energia solar, possui 14 hélices, cada um de cujos motores não consomem mais que um secador de cabelo, e seu vôo é teledirigido à distância.

Nesta ocasião, também bateu o recorde absoluto de altitude em vôo horizontal, que em 1976 tinha sido conseguido pelo SR-71 Blackbird, com 85.068 pés (25,92 quilômetros). No entanto, este recorde ainda não foi homologado oficialmente no momento, precisou a Nasa. O aparelho aterrissou na manhã desta terça-feira também na ilha de Kuai.

Desenvolvido pela firma AeroVironment de Monrovia, a nave foi construída em fibra de carbono e grafite, e possui uma envergadura de 75,28 metros, superior à de um Boeing 747 ou de um avião militar de transporte C-5 Galaxy, mas menos veloz. Ela decola com a velocidade de uma bicicleta e viaja num ritmo de 30 a 50 quilômetros por hora.

As 62 mil células fotovoltaicas situadas na parte superior da asa produzem a energia solar necessária para se propulsar. Uma parte é armazenada em baterias para acionar as hélices durante a noite.

O Helios inicia uma nova geração de aparelhos, concebidos para servirem de "satélites voadores" polivalentes, capazes de permanecer longos períodos num mesmo lugar e movimentar-se em função das necessidades e dos objetivos das missões previstas.

Segundo a Nasa, poderia ser utilizado a baixo custo como satélite de comunicações ou para pesquisas científicas. Incluindo a fabricação e o lançamento, um satélite custa hoje entre US$ 10 mihões e US$ 30 mihões, enquanto que o Helios poderia ser produzido por somente US$ 1 milhão.

A Nasa se interessa também no programa Helios para suas futuras missões de exploração espacial. Os engenheiros esperam compreender melhor as qualidades aerodinâmicas e características de vôo do aparelho a 30 quilômetros de altitude. Nesse nível, a densidade atmosférica é somente 1% da registrada ao nível do mar, equivalente à densidade atmosférica de um planeta como Marte.




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