As eleiçoes de outubro já impoem às câmaras do Grande ABC dois ritmos inversos: legislativos esvaziados contrastam com outros transformados em palanques eleitorais. Discursos intermináveis em tribuna versus sessoes relâmpagos que batem recordes de tempo mínimo, algumas chegam a durar menos de meia hora. No fundo, porém, os dois ritmos revelam o mesmo esvaziamento político dos legislativos.

Em Mauá, por exemplo, os próprios vereadores admitem que a última sessao do ano foi realizada antes do Carnaval, quando a Câmara aprovou a nova Lei de Zoneamento e zerou a lista de projetos importantes para a administraçao do prefeito Oswaldo Dias, candidato à reeleiçao pelo PT. Daqui para frente, é só figuraçao.

Nas últimas semanas, as sessoes têm ocupado pouco tempo na agenda dos vereadores. Mais preocupados em articular coligaçoes, alianças e pré-candidaturas, eles se esforçam para agilizar a votaçao dos projetos em pauta. No decorrer das sessoes, tornou-se comum a cena das cadeiras vazias.

Em Diadema, a situaçao é diferente. Praxe nesse Legislativo, as discussoes calorosas, em ano eleitoral, subiram ainda mais de temperatura.

Na última sessao, quinta-feira, alguns vereadores brigaram entre si para ver quem tinha sido o primeiro a apoiar a iniciativa da Coopervans (Cooperativa Mista dos Usuários e Condutores de Transporte Alternativo de Diadema) e era o autor do projeto para legalizar esse tipo de transporte na cidade. O documento foi protocolado pelo vereador Cássio Ribeiro (PSDB), provocando ciúmes em alguns parlamentares.

Em outras câmaras está imperando o denuncismo. O presidente da Câmara de Rio Grande da Serra, Silvio Sabainski, pré-candidato a prefeito pelo PV, prevê um festival de denúncias. "Será um vereador querendo acabar com o outro. Serao muitos pleiteando a mesma vaga. Creio que as sessoes vao ganhar mais importância e até mesmo mais público."

Nas últimas semanas, as sessoes têm durado menos tempo. Incertos sobre a permanência do prefeito Danilo Franco em sua cadeira na Prefeitura devido a um processo judicial, os parlamentares têm adiado as votaçoes de vários projetos, principalmente os mandados pelo Executivo.

O vereador petista Ramon Velasquez, pré-candidato à Prefeitura da cidade, também acredita na efervescência das sessoes neste ano eleitoral, tanto no aumento do público quanto do número de candidatos preocupados em mostrar resultados. O parlamentar ainda ressalta que o programa Raio X das Câmaras, do Diário, será um dos motivos para o nao esvaziamento total da Casa.

Nos bastidores, já que a Justiça Eleitoral nao permite nenhum tipo de propaganda antes de 6 de julho, os pré-candidatos de Rio Grande já estao pensando e fazendo campanha.

Colaborou: Adriana Cardoso