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Glória Pires na igreja Matriz
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
07/02/2009 | 07:08
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Claudinei Plaza/DGABC


Em 1980, Glória Pires estava no ar em Água Viva, novela de Gilberto Braga, e não tinha muita noção do que significavam as greves no Grande ABC que acompanhava pela TV. "Sabia que tinha um movimento enorme acontecendo aqui, mas não tinha o menor envolvimento", contou anteontem, após filmagens na igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, a matriz de São Bernardo, para o longa Lula - O Filho do Brasil, no qual interpreta Dona Lindu, a mãe do protagonista, que naquele mesmo ano começava a se destacar como líder sindical.

Em período fértil na carreira cinematográfica - filmou dois longas no ano passado antes de ser escalada para o filme de Fábio Barreto - , Glória enfrenta agora, mais do que o desafio de viver alguém que existiu de fato, a responsabilidade de glamourizar a vida de uma pessoa que está no poder. "Tudo o que está sendo feito foram coisas que aconteceram, não tem glamourização. Claro que estamos fazendo uma obra ficcional, reproduzindo uma história que foi contada em cima de uma realidade", pondera.

Procurando ater-se o mais possível à personalidade da matriarca dos Silva, a atriz mergulhou nas histórias sobre Dona Lindu, que morreu em 1980. Para cercar-se das informações, participou de uma reunião familiar no fim do ano. "Foi uma oportunidade incrível porque estava praticamente toda a família. E foi ótimo porque colhi opiniões variadas, mas unânimes em afirmar que ela era uma mulher extremamente bem-humorada e equilibrada, embora tivesse muitos filhos e os criasse praticamente só", afirma.

Sobram elogios para a personagem, uma ‘mãezona' como ela própria se define."Ela não se esquivou das obrigações que tinha com aqueles filhos. Por isso que até hoje, passados (cerca de) 30 anos da sua morte, eles ainda choram quando falam dela. Foi muito constante na vida deles, na estruturação dessa família", derrama-se.

Priorizando o mergulho no emocional de Dona Lindu, os produtores decidiram não aproximar o biótipo de Glória ao da personagem, que tinha olhos e cabelos claros. "Embora seja impossível reproduzir a aparência dela, ao mesmo tempo pensamos que poucas pessoas a conheceram. Chegamos a falar em colocar lente de contato, mas tira muito da humanidade, da expressão do olhar. Achamos que não valia a pena", conta.

Glória filmou em locações em Pernambuco antes de vir para o Grande ABC, onde rodou principalmente as cenas finais da personagem, que morreu com aproximadamente 60 anos. De maquiagem que a envelheceu 15 anos e de peruca grisalha, encontrou Lula (Rui Ricardo Diaz) na Matriz. Na última quarta, sem precisar se caracterizar como idosa, filmou sequência de enchente na Vila Carioca, passagem importante na adolescência do presidente.

Mergulhada no papel, Glória tem em casa uma companheira e tanto para discutir a história. Cléo, sua primogênita, viverá Lurdes, a primeira mulher de Lula que morreu aos oito meses de gravidez. "A gente trocou impressões sobre o roteiro, que é muito bonito, muito forte. Falamos também sobre o Rui, que foi uma escolha maravilhosa", elogia.




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