Economia Titulo
Indústrias ampliam sinais de desaceleração, aponta CNI
Leone Farias
do Diário do Grande ABC
23/07/2011 | 07:35
Compartilhar notícia


O desaquecimento na atividade industrial, que já se fazia notar no primeiro semestre, ganha contornos mais visíveis agora. É o que aponta pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria, e que ouviu 1.692 empresas entre 1º e 15 de julho, das quais 915 pequenas, 535 médias e 242 grandes.

Pelo estudo, chamado sondagem industrial, a produção e a utilização da capacidade instalada das fábricas ficaram abaixo do usual em junho. Ao mesmo tempo, os estoques das empresas cresceram, chegando ao índice de 53 pontos (em escala de vai zero a 100, mais de 50 significa que os produtos estocados estão acima do planejado). É o maior valor desde 2009.

O gerente-executivo da unidade de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, afirma que a atividade industrial desacelerou, entre outros fatores, porque o crédito ficou mais restrito e também mais caro, o que afetou a situação financeira das empresas e desestimulou investimentos. Além disso, o câmbio valorizado (o real forte frente ao dólar) faz com que os produtos importados fiquem mais baratos, prejudicando a competitividade da indústria nacional.

Ele avalia que as perspectivas não são favoráveis para os próximos meses, já que o Banco Central segue com a política de redução da demanda, subindo os juros - nesta semana o Comitê de Política Monetária do BC elevou em mais 0,25 ponto percentual a taxa básica (Selic). "A demanda que sobra será atendida pelos produtos importados", considera.

A CNI detectou ainda aumento da insatisfação do empresariado da indústria com a margem de lucro operacional e constatou que, apesar de continuar positiva, a confiança em relação à situação financeira das empresas recuou pelo terceiro trimestre consecutivo, chegando ao menor patamar desde o terceiro trimestre de 2009. E a avaliação das empresas em relação ao acesso ao crédito atingiu 43,8 pontos no segundo trimestre, valor mais baixo desde o quarto trimestre de 2009.

O câmbio desfavorável também reflete nas perspectivas em relação às exportações. De acordo com o levantamento, o empresariado, em junho, passou a manifestar pessimismo em relação as vendas ao Exterior.

PREVISÍVEL

Para o diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Santo André, Shotoku Yamamoto, esse cenário, de desindustrialização, já era previsto. Ele afirma que o volume de crédito, que nos últimos 12 meses cresceu cerca de 10%, está alicerçado na compra de importados. "E o dólar continua sendo depreciado e a importação segue crescendo", assinala.

O dirigente afirma que essa situação já traz transtornos para pequenas indústrias da região e não se sustenta no longo prazo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;