O tom não é nada sutil nesta batalha pelos corações e mentes dos cidadãos americanos. Em um destes programas, o jornalista de rádio mais popular do país, Rush Limbaugh, desqualificou na semana passada os críticos da política externa americana como um bando de socialistas e esquerdistas "que deixariam o povo de Saddam sofrer enquanto eles próprios bebem vinho e saboreiam salgadinhos".
Limbaugh tem uma audiência calculada em 20 milhões de pessoas, mas dezenas de outros jornalistas de direita também enviam mensagens do mesmo teor a seus ouvintes, com variados níveis de sofisticação, em estações de todo o país.
Na segunda-feira, em Dallas, Texas, um jornalista da rádio KLIF transmitiu os comentários pacifistas feitos pelo diretor de cinema Michael Moore na cerimônia dos Oscar. Os ouvintes protestaram. "As pessoas estão indignadas com o espaço que estão dando às opiniões de Hollywood", disse o diretor de programação da KLIF, Jeff Hillery. "A opinião majoritária é que os atores devem se dedicar apenas a atuar e deixar a política para os políticos".
A emissora foi a primeira do país a organizar uma manifestação "pró-Estados Unidos", em fevereiro, um acontecimento que, segundo Hillery, reuniu 4.000 pessoas. Desde então, foram organizadas várias manifestações similares, sendo que a mais concorrida foi a de Atlanta (Geórgia), que reuniu 25 mil pessoas.
O radialista Glenn Beck, de tendência conservadora, tornou-se uma espécie de promotor destas manifestações, que atraem vários tipos de americanos, entre eles veteranos de guerra e familiares de soldados. "Estávamos cansados de ver bandeiras queimadas e a imundície relacionada ao movimento pacifista dos 60. Queria que nossas tropas soubessem que têm o nosso apoio", disse Beck, cujo programa é transmitido por mais de 100 estações de rádio.
De acordo com Beck, muitos americanos vêem as sombras do Vietnã no debate público sobre este conflito. "Eles não querem ver a nação dividida em duas outra vez". Para Steve Rendall, analista do centro de estudos Fairness and Accuracy in Reporting (Imparcialidade e precisão nas notícias), a carta do Vietnã esconde um esforço de propaganda dos ativistas a favor da guerra para diluir o debate, qualificando os pacifistas de traidores e antipatriotas. "A noção de que o grupo a favor da guerra tem o monópolio do patriotismo é falsa", afirmou.
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