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Jornalismo radiofônico americano estimula apoio à guerra
Da AFP
27/03/2003 | 16:43
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Enquanto o movimento pacifista dos Estados Unidos recebeu um grande apoio em Hollywood e na Igreja, o grupo a favor da guerra encontrou um aliado poderoso na rádio americana. Conservadores, polêmicos e às vezes agressivos, os jornalistas de direita dominam os programas de opinião nas rádios dos Estados Unidos e, há semanas, os programas só tratam da guerra.

O tom não é nada sutil nesta batalha pelos corações e mentes dos cidadãos americanos. Em um destes programas, o jornalista de rádio mais popular do país, Rush Limbaugh, desqualificou na semana passada os críticos da política externa americana como um bando de socialistas e esquerdistas "que deixariam o povo de Saddam sofrer enquanto eles próprios bebem vinho e saboreiam salgadinhos". "Lutamos contra eles lá para não termos de enfrentá-los em nossas ruas com policiais, médicos e bombeiros. Nossos corajosos soldados o fazem para que possamos ir para o trabalho em arranha-céus ou para qualquer outro lado sem temer que alguém exploda um avião em seu edifício ou envie uma carta com antraz".

Limbaugh tem uma audiência calculada em 20 milhões de pessoas, mas dezenas de outros jornalistas de direita também enviam mensagens do mesmo teor a seus ouvintes, com variados níveis de sofisticação, em estações de todo o país.

Na segunda-feira, em Dallas, Texas, um jornalista da rádio KLIF transmitiu os comentários pacifistas feitos pelo diretor de cinema Michael Moore na cerimônia dos Oscar. Os ouvintes protestaram. "As pessoas estão indignadas com o espaço que estão dando às opiniões de Hollywood", disse o diretor de programação da KLIF, Jeff Hillery. "A opinião majoritária é que os atores devem se dedicar apenas a atuar e deixar a política para os políticos".

A emissora foi a primeira do país a organizar uma manifestação "pró-Estados Unidos", em fevereiro, um acontecimento que, segundo Hillery, reuniu 4.000 pessoas. Desde então, foram organizadas várias manifestações similares, sendo que a mais concorrida foi a de Atlanta (Geórgia), que reuniu 25 mil pessoas.

O radialista Glenn Beck, de tendência conservadora, tornou-se uma espécie de promotor destas manifestações, que atraem vários tipos de americanos, entre eles veteranos de guerra e familiares de soldados. "Estávamos cansados de ver bandeiras queimadas e a imundície relacionada ao movimento pacifista dos 60. Queria que nossas tropas soubessem que têm o nosso apoio", disse Beck, cujo programa é transmitido por mais de 100 estações de rádio.

De acordo com Beck, muitos americanos vêem as sombras do Vietnã no debate público sobre este conflito. "Eles não querem ver a nação dividida em duas outra vez". Para Steve Rendall, analista do centro de estudos Fairness and Accuracy in Reporting (Imparcialidade e precisão nas notícias), a carta do Vietnã esconde um esforço de propaganda dos ativistas a favor da guerra para diluir o debate, qualificando os pacifistas de traidores e antipatriotas. "A noção de que o grupo a favor da guerra tem o monópolio do patriotismo é falsa", afirmou.




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