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Governo do Amapá vai parar atrás das grades
11/09/2010 | 07:47
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Um governo inteiro atrás das grades e sob investigação por corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de bens, tráfico de influência, fraude em licitações públicas e formação de quadrilha. Esse foi o saldo final da operação Mãos Limpas que a Polícia Federal deflagrou no Amapá, na madrugada de ontem, quando prendeu o governador Pedro Paulo Dias (PP), que era candidato à reeleição, e o ex-governador Waldez Góes (PDT), que disputava vaga ao Senado.

Ao todo, a PF prendeu 18 pessoas com autorização do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio de Noronha, que preside o inquérito desde que as investigações, iniciadas em agosto do ano passado, alcançaram a cúpula do governo do Estado.
O comando estadual foi entregue hoje ao presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, o desembargador Dôglas Evangelista Ramos.

O terceiro na linha sucessória, o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás (PSDB), está impedido de assumir o Executivo porque concorre ao governo do Estado, mas também foi alvo de mandado coercitivo - foi obrigado a acompanhar a PF, submetido a interrogatório e liberado em seguida.

A operação Mãos Limpas detectou que, sob o comando do próprio governador Pedro Dias, que era vice de Waldez antes deste se desincompatibilizar para concorrer ao Senado, a máquina do Estado era dominada por quadrilha de altos funcionários que fraudavam nove em cada dez licitações, superfaturando os contratos, cobrando e distribuindo propinas abertamente.

O acerto prévio na escolha de empresas era tão escancarado que uma única empresa de segurança e vigilância manteve "contrato emergencial" por três anos com a Secretaria de Educação do Estado. O valor da fatura mensal com a secretaria era de R$ 2,5 milhões. A PF mapeou os pagamentos e tem provas de que o dinheiro era desviado para contas particulares dos políticos e assessores do governo.

Todos os presos, por ordem do ministro Noronha, ficarão em Brasília. O governador Pedro Dias e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, José Júlio de Miranda Coelho, vão ficar nas celas da Superintendência da Polícia Federal, onde o ex-governador do DF José Roberto Arruda ficou por dois meses.

Os outros 16 presos do Amapá vão para celas do presídio da Papuda. Depois de Arruda, o governador do Amapá foi o segundo a ser preso no exercício do cargo.

A ex-primeira-dama Marília Brito Xavier Góes, que é delegada da Polícia Civil, também foi presa. Na casa do presidente do Tribunal de Contas, José Júlio de Miranda Coelho, em João Pessoa, a PF recolheu uma Ferrari, uma Maserati, duas Mercedes Benz e um Mini Cooper.

A PF recolheu nas casas dos empresários, secretários, servidores públicos e assessores especiais do governo do Amapá mais de R$ 1 milhão em espécie - dinheiro recolhido em cofres particulares, gavetas e caixas, que foi encontrado na execução dos mandados de busca e apreensão. A operação também alcançou os Estados de São Paulo e Paraíba.




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