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Campelo se defende na Câmara dos Deputados
Do Diário do Grande ABC
17/06/1999 | 14:19
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O delegado-geral da Polícia Federal, Joao Batista Campelo, continua negando as denúncias de que tenha se envolvido em práticas de tortura, no depoimento que faz nesta quinta-feira na sessao conjunta das comissoes de Direitos Humanos da Câmara e de Constituiçao e Justiça do Senado. Campelo disse que "nunca se viu instrumento de suplício" nas delegacias em que trabalhou e que desconhece tortura praticada por um policial citado em depoimentos feitos na época por vítimas de tortura, denominado soldado Nerino ou Neri.

Segundo Campelo, esse policial jamais esteve sob seu comando específico. Com relaçao a sua participaçao na repressao política, ele afirmou que é necessário olhar o momento histórico em que os fatos ocorreram. "Estávamos sob a égide de uma lei de segurança muito forte, restritiva da liberdade, mas legal e eu cumpria as determinaçoes que os códigos exigiam", afirmou Campelo. Ele disse ainda que se nao providenciasse a abertura de inquérito diante das denúncias que recebia estaria sendo omisso. Mas afirmou que sempre seguiu a lei "sem resvalar para procedimentos extra-legais.

Ao ser questionado pelo senador Eduardo Suplicy sobre sua convivência com o padre José Antônio de Magalhaes Monteiro, no Seminário Santo Antônio, Campelo confirmou que o castigo físico era uma modalidade da época, mas disse que jamais castigou o padre, que é hoje o seu principal acusador sobre práticas de tortura na PF.

O depoimento de Campelo continua sendo marcado pelo confronto entre os parlamentares da oposiçao e da base governista. Uns procurando reforçar as denúncias de que Campelo foi torturador e outros tentando protegê-lo.

A sessao do depoimento, que começou por volta das 10h20, passou por momentos de total descontrole e chegou a ser suspensa por cerca de 20 minutos. Campelo se recusou a responder perguntas por orientaçao do vice-líder do governo, Elton Rohnelt (PFL-RR), que o informou que o presidente da Comissao, deputado Nilmário Miranda (PT-MG), já teria condenado o diretor da PF ao pedir, nesta quarta, seu afastamento, sem tê-lo ouvido. Campelo alegou que nao tinha "condiçoes psicológicas" para continuar. O vice-presidente da Comissao, Nelson Pelegrini, entao assumiu a presidência, para que o depoimento pudesse prosseguir sem contestaçoes. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez questao de sentar-se à mesa da comissao, o que também já provocou protestos. Depois do intervalo e passado o tumulto o depoimento foi retomado. A sessao nao tem hora prevista para acabar.




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