O abalo dos importados foi sentido por toda cadeia. A importadora Expand Grup Brasil, por exemplo, há 21 anos no mercado, fechou o trimestre com retraçao de 20% nas compras. A receita computada fecha negativa se comparada aos primeiros três meses do ano passado. "Os aumentos de preços atingiram 25% e foram escalonados para nao afugentar a clientela", explica Otávio Piva de Albuquerque, presidente da importadora e dono de sete lojas que trabalham com importados e mais dois restaurantes.
A estratégia da Expand, desde a segunda quinzena de janeiro, tem sido a mesma, para evitar queda nas vendas. Dos 1.800 tipos de vinhos comercializados, que respondem por 70% do faturamento, a importadora selecionou 350 deles sobre os quais concede descontos de até 20%. Alguns tipos de massas secas, azeites e conservas também seguiram o padrao dos vinhos.
"Escolhemos produtos com estoque alto para fazer promoçao e segurar as vendas", explica. Outra alternativa foi a renegociaçao com os fornecedores prazos de pagamentos e preços.
"Em alguns casos conseguimos reduçao de 10% nos preços e dobrar de 90 para 18O dias o prazo de pagamento.
Apesar de um princípio de ano nebuloso, Albuquerque está otimista com o desenrolar dos negócios. Abril deverá fechar com incremento de 12% nas vendas sobre idêntico mês de 1998 e cerca de 50% sobre março. "Neste caso o frio impulsionou a venda de vinhos que têm peso na receita", afirma. Para o ano projeta crescimento de 20% no faturamento, porém, o volume de importados deverá empatar com o ano anterior.
A La Pastina Importadora e Exportadora, há 51 anos atuando neste setor, e entre as três maiores empresas do ramo, cortou as compras lá fora desde a segunda quinzena de janeiro e só voltou a ativa neste mês, ainda assim, com certa cautela. "Neste período operamos com o estoque e reajustamos os preços em 30% para acompanhar a desvalorizaçao do real", conta Celso Fernandes, diretor comercial.
No trimestre, pelas suas contas, o volume importado caiu 50% sobre igual período do ano passado. Ele explica que só no começo de abril a empresa voltou a importar, mas num volume bem menor e a receita deverá ficar cerca de 20% mais baixa.
Para se ter uma idéia da retraçao nos negócios, a La Pastina deverá contabilizar um recuo entre 20% e 30% nas compras se comparado a abril do ano passado. O receio de problemas no andamento da empresa também obrigou à suspensao de investimentos. "A previsao de investir pesado em logística caiu por terra", afirma.
Com queda acentuada na importaçao, explica, hoje sobram espaços nos depósitos. A direçao da empresa ainda nao decidiu se retoma ou nao o projeto na área de logística, "prioritária na empresa". Fernandes refez para baixo as projeçoes. A previsao de crescer 15% no volume se reverteu e a projeçao é de queda de 30%. "A receita, em reais, deverá empatar com 1998", estima.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.