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Ex-ditador Stroessner pode voltar ao Paraguai
Do Diário do Grande ABC
07/06/2000 | 12:33
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O cerco judicial que começa a estreitar-se em torno do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989) no Brasil poderá obrigá-lo a voltar a seu país, uma possibilidade que sempre esteve latente e despertou todos os tipos de temores.

O advogado do ex-ditador, Hirán Delgado Von Leppel, assegurou que o general estava decidido a voltar ao Paraguai, mas por ``razoes sentimentais', já que, segundo ele, é ``altamente improvável, para nao dizer impossível', que o ex-presidente venha a ser julgado no país vizinho.

O presidente da Comissao de Direitos Humanos da Câmara de Deputados brasileiro, Marcos Rolim, pretende anular o asilo político concedido a Stroessner pelo governo brasileiro e tenta fazer com que seja julgado pelos desaparecimentos - entre 600 e 800, segundo várias ONGs - em seus 35 anos de regime ditatorial.

Para o ministro de Obras Públicas, José Planás, amigo pessoal de Stroessner - seu pai foi chefe de investigaçoes da policia política do general -, o ex-presidente nao tem intençao de voltar porque está consciente de que sua volta terá um alto custo político. ``Ele sabe que, se voltar, vai haver uma reaçao adversa de uma minoria ruidosa e da imprensa', disse Planás, acrescentando que Stroessner está ``tranqüilo, gozando de boa saúde' em Brasília, com seus 88 anos.

Nenhum país latino-amercano julgou até agora um ex-presidente ao qual foi concedido asilo, recorda o historiador Ricardo Caballero Aquino. Mas se o ex-ditador botar os pés em seu país, será imediatamente detido e ficará em prisao domiciliar - segundo o novo código penal os maiores de 70 anos nao podem ser presos - porque existem três processos abertos contra ele, segundo fontes judiciais.

O grande medo do reputado ativista em direitos humanos Luis Alfonso Resck, exilado duas vezes e detido 109, é que, se Stroessner voltar, seja declarado inocente porque ``todos seus amigos estao no poder'. ``O stroessnerismo agora está mais forte do que nunca porque a maioria dos membros do atual Executivo, do Partido Colorado, foram figuras proeminentes de seu regime, afirmou.

O próprio Rolim (do Partido dos Trabalhadores, de oposiçao) declarou, em recente visita a Assunçao - de onde se levou inúmeros documentos dos ``Arquivos do Terror' para apoiar suas intençoes - que as autoridades paraguaias nao se esforçaram muito para conseguir a extradiçao do general.

Além disso, segundo Caballero Aquino, a sociedade paraguaia é muito tradicional e conservadora e nao gosta de remexer no passado.




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