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Judeu russo é agredido em Moscou
Do Diário do Grande ABC
15/07/1999 | 16:58
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Os judeus da Rússia amanheceram nesta quinta-feira comovidos, depois da tentativa de assassinato de um de seus integrantes em Moscou, mas ninguém, em nenhum momento, demonstrou surpresa com a agressao, que parece confirmar o aumento do anti-semitismo na Rússia.

``Era lógico que um incidente deste tipo acontecesse porque o governo nada faz para lutar contra o anti-semitismo. Era previsível', lamentou o fundador do mais importante jornal judeu da Rússia ``A Gazeta judia', e membro do Congresso judeu russo, Tancred Golenpolski. ``O que aconteceu terça-feira estava previsto para cedo ou tarde. Sabíamos que a sociedade russa estava doente, mas ignorávamos que a metástase tivesse ido tao longe', comentava nesta quinta-feira o jornal Komsomolskaia Pravda.

O diretor do centro cultural judeu de Moscou, Leopold Kaimovski, de 52 anos foi apunhalado terça-feira por um jovem anti-semita, Nikita Krivchun, de 20 anos, estudante de direito da Academia de Ciências Sociais. Krivchun que tem uma suástica tatuada no peito entrou no escritório da vítima, e lhe assestou várias punhaladas.

Desde a agressao, policiais e agentes privados controlam a entrada da sinagoga, a mais importante de Moscou, no antigo bairro de Kitai Gorod, nao muito longe do Kremlin. Muitos fiéis se negavam a falar sobre o assunto, nesta quinta-feira, assim como a mulher que limpou o sangue das escadarias onde foi registrado o ataque. As manchas continuam visíveis, recordando a violência das feridas causadas ao líder judeu.

Leopold Kaimovski, de 52 anos, respira por meio de aparelhos, mas seu quadro de saúde parecia melhorar quinta-feira. Trata-se do incidente mais grave contra um representante dessa comunidade desde a queda da Uniao Soviética no final de 1991.

``Existe hoje na Rusia um clima que favorece este tipo de acontecimentos', considera o grande rabino da Rússia, Adolf Chaievitch, antes de reunir-se com dirigentes da polícia de Moscou para estudar um reforço das medidas de segurança nas proximidades dos prédios da comunidade. Em Moscou vivem 200.000 judeus e entre 500.000 e mais de um milhao em todo o país.

O general e deputado comunista Albert Makachov prometeu publicamente em outubro ``mandar para o outro mundo pelo menos dez judeus, usurários e sugadores de sangue', enquanto outro deputado, Viktor Iliukhin, considerou em dezembro que ``havia muitos judeus em torno do presidente Boris Yeltsin'.

Nenhum dos dois responsáveis foi condenado pela justiça e a Duma (câmara baixa do Parlamento) ecusou-se a sancioná-los. O partido do prefeito de Moscou, Iuri Lujkov condenou o ataque, mas o Kremlin e o governo nao se manifestaram quinta-feira.

Em entrevista à televisao, o agressor, Nikita Krivchun, afirmou que nao queria matar Kaimovski. ``Pessoalmente nada tenho nada contra ele (...) Queria mostrar o que sinto em relaçao aos judeus e ressaltar o problema do genocídio dos russos pelos judeus', declarou o estudante.




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