O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu nesta segunda-feira dar a última 'cartada' para tentar garantir no Senado a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prorroga até 2011 a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), imposto com prazo de extinção previsto para o fim deste ano.

Após ser reunir em Brasília com alguns dos seus principais ministros, ele decidiu que partirá para o corpo-a-corpo, ou seja, vai falar diretamente com os senadores sobre a importância da manutenção do tributo, que gera uma receita de cerca de R$ 40 bilhões por ano para os cofres públicos e abastece programas como o Bolsa Família.

No encontro, que reuniu os ministros da Saúde, José Gomes Temporão, das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo, da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, e da Comunicação Social, Franklin Martins, Lula também pediu mais empenho de todos eles para aprovar a proposta.

O deputado federal e agora ministro José Múcio Monteiro (PTB-PE), que era o líder do governo na Câmara quando a CPMF foi aprovada naquela Casa, promete agora utilizar toda a sua experiência na articulação política para garantir que o chamado 'imposto do cheque' também passe no Senado.

O governo sabe que o prazo está se esgotando e precisa garantir os votos favoráveis de pelo menos 49 dos 81 senadores, em dois turnos, para promulgar a proposta. A intenção é que tudo seja finalizado antes do dia 20 de dezembro. Depois desta data o Congresso Nacional deve ficar vazio devido ao Natal e Ano Novo.

Reforma tributária – Ainda nesta segunda-feira, o ministro Guido Mantega anunciou que o governo só enviará ao Parlamento uma proposta de reforma tributária depois que a questão da CPMF for resolvida.

"A proposta já está pronta, mas por enquanto fica na gaveta. Agora queremos concentrar esforços para garantir da CPMF", declarou Mantega.

As palavras do ministro irritaram muito os partidos de oposição (PSDB e DEM), que acusam o governo de não cumprir com a promessa de enviar a proposta de reforma tributária até o dia 30 de novembro.

"Agora, aqueles que pensavam em votar a favor da CPMF devem repensar o voto, pois este governo deixou claro que não cumpre acordos", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), lembrou que os senadores de oposição se reúnem nesta terça para discutir uma estratégia para derrubar a CPMF. O fato de o governo não cumprir mais esta promessa, segundo ele, se torna neste momento um agravante.

O democrata deixou claro que se a oposição perceber que já tem o número de votos suficientes para derrubar a CPMF vai parar de obstruir a pauta de votações no plenário e trabalhar para que a PEC seja votada  e rejeitada rapidamente.