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Ibre prevê que inflaçao vai recuar nos próximos meses
Do Diário do Grande ABC
10/12/1999 | 19:22
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O baixo nível de indexaçao da economia brasileira vai provocar a queda da inflaçao nos próximos meses, segundo a Carta do Ibre, editorial do novo número da revista Conjuntura Econômica, editada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundaçao Getúlio Vargas (FGV-RJ). A revista tem previsao de distribuiçao na próxima semana. Com o título de Temor Infundado, o editorial afasta a possibilidade de repasse integral da alta dos preços do atacado para o varejo.

"O fundamental para o acompanhamento da inflaçao é saber se há indexaçao", afirmou o economista Lauro Vieira de Faria, autor da análise. "A correçao ainda existe, mas muito pouca, e onde há, como nas tarifas e títulos do governo, o reajuste é anual", responde. A atual estabilidade da política monetária e dos gastos do governo vai evitar uma alta do dólar no futuro, também impedindo a alta do custo de vida, segundo a análise.

O nível baixo de atividade econômica é outro elemento para impedir o prolongamento das taxas altas de inflaçao registradas em outubro e novembro, segundo Faria. "Nao há nenhuma possibilidade de aumento da procura que provoque a inflaçao", afirmou o economista. "Isso nao existe há anos na economia brasileira, desde o Plano Cruzado", lembrou, citando a capacidade ociosa da indústria em outubro - de 18%, em média, segundo a Sondagem Conjuntural do IBRE - e a taxa de desemprego, de 7,4% em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Repasse - A "Carta do Ibre" também rejeita a tese de repasse, para o consumo, da inflaçao captada no atacado, após a alta do dólar. O fenômeno nao ocorreu em outros países que sofreram com a desvalorizaçao, nem mesmo quando a moeda brasileira caiu em relaçao à norte-americana em 1980 e 1986, lembrou Vieira de Faria.

Na opiniao do economista, a alta dos preços registrada no Indice de Preços do Atacado (IPA) - de 18,52% entre janeiro e novembro - representou uma correçao de preços que estavam comprimidos pela sobrevalorizaçao do real entre 1994 e 1997. O editorial lembra que 90% dos produtos do IPA sao corrigidos pela moeda norte-americana.

Faria recordou que, na época do real forte, os preços no varejo aumentaram 131,3%, enquanto os do atacado, apenas 82,5%. "Agora que houve a desvalorizaçao, o movimento é inverso", concluiu. Para os economistas que, neste ano, previram que o IPA iria contaminar os Indice de Preços ao Consumidor (IPCs), que medem a inflaçao no varejo, o economista aconselhou: "eles deveriam ter dito porque o IPC nao 'puxou' o IPA, antes da desvalorizaçao".




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