Os cinco iranianos detidos pelas forças americanas em Bagdá, em dezembro de 2006, eram membros do alto escalão dos serviços de inteligência em missão secreta para influenciar o governo iraquiano, informou nesta quinta-feira a rede de TV britânica BBC.

"Eram cinco membros de alto escalão em diversas organizações de inteligência. Foi um encontro muito significativo", disse à BBC um funcionário britânico que pediu para não ser identificado.

Em 21 de dezembro, as forças americanas prenderam dez pessoas suspeitas de contrabando de armas, após encontrar documentos, mapas, fotografias e vídeos no gabinete do líder xiita pró-iraniano Abdul Aziz Al Hakim.

O comando militar garantiu que os dez, dois deles iranianos, estavam ligados a "atividades ilegais", incluindo potenciais ataques às forças da coalizão internacional estacionada no Iraque. Três diplomatas iranianos foram detidos em um veículo em Bagdá no dia anterior e soltos depois.

Embora as detenções tenham proporcionado informações importantes para os serviços de inteligência, não houve dados sobre fornecimento de armas ou ataques, reconheceram as autoridades britânicas citadas no programa de análise política da BBC Newsnight.

Os iranianos estavam no Iraque para ter encontros de alto nível com representantes de diferentes facções xiitas iraquianas que recuperaram força desde a queda do regime de Saddam Hussein, em 2003.

"Houve uma conversa sobre se triunfará o governo do (primeiro-ministro iraquiano, Nuri) Al-Maliki, quem deveria ficar com cada ministério. Foi um encontro muito significativo", disse um funcionário, acrescentando que "quem eram alguns dos iranianos é muito significativo".

Estas detenções aumentaram a tensão entre Washington e o governo xiita de Al-Maliki, que busca aumentar seus vínculos com o Irã, enquanto que o presidente iraquiano, Jalal Talabani, disse ter convidado os dois iranianos, libertados na sexta-feira, dentro de um acordo entre Bagdá e Teerã para aumentar a segurança.