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Comandante da Costa do Marfim enfrenta motim de militares
Do Diário do Grande ABC
04/07/2000 | 16:09
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O chefe da junta militar no poder na Costa do Marfim, general Robert Guei, 59 anos, herói e porta-voz dos ``jovens' que dia 24 de dezembro de 1999 lideraram um golpe de Estado, enfrentava um motim entre os militares que o levaram ao poder há seis meses. Para acalmar os ânimos, dirigirá ainda hoje uma mensagem à naçao, informou a assessoria de imprensa do palácio do governo.

Nao foi anunciado o horário da divulgaçao.

O general Guei gravou o comunicado no final da tarde (hora local).

Os militares invadiram nesta terça-feira diferentes bairros da capital, Abidja, para exigir o pagamento prometido de seis milhoes de francos CFA (US$ 9 mil) por soldado, como prêmio de guerra, pelo golpe de Estado que derrotou o presidente Henri Konan Bedié.

Guei era chefe do Estado maior do antigo governo.

Desde a chegada do presidente Bedié ao poder, depois da morte, em 1993, do ``fundador da Naçao', Felix Houphouet Boigny, as relaçoes com o general Guei - um brilhante oficial que passou por Saint Cyr e pela Escola de Guerra de Paris -- sempre foram tumultuadas.

Em 1995, durante as eleiçoes presidenciais, Bedié pediu a ele para tirar os militares das ruas como forma de prevenir possíveis distúrbios. Guei exigiu dele, entao uma ordem por escrito, pelo que foi destituído.

Ao chegar ao poder, em seguida ao golpe, Guei, ``presidente da República, presidente do Comitê Nacional de Salvaçao Pública (CNSP, junta) e ministro da Defesa', foi obrigado a fazer ajustes para levar adiante a prometida ``transiçao'.

Foi acusado pouco depois de ``trabalhar em causa própria', sobretudo porque mantém uma certa ambigüidade em torno de uma enventual candidatura à presidência nas eleiçoes programadas para setembro.

Assim, o general passou a fazer acordos com os ``jovens' que, apesar dos múltiplos apelos, nao voltaram todos os quartéis: primeiro concedeu a eles um aumento de 40% nos soldos e depois distribuiu algumas promoçoes.

Os grupos mais visíveis - chamados ``Camorra', ``Kamajors' ou ``Brigadas Vermelhas'-, responsáveis pelo golpe, voltaram mais ou menos à ordem, mas seus chefes, os líderes dos motins de dezembro, se lançaram a uma briga de influência para conseguir algumas vantagens.

De estatura pequena, parrudo, professando uma admiraçao sem limites por Felix Houphouet Boigny, o general Guei precisará usar de todos os recursos para conseguir o ``diálogo' tao apreciado por seu mentor para tranqüilizar a turbulenta base.




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