Política Titulo Editorial
A dívida e o aperto de cinto
Do Diário do Grande ABC
05/07/2020 | 12:59
Compartilhar notícia


Inaugurada com pompa em circunstância em junho de 2017 em área nobre da Capital federal, a Casa do Grande ABC em Brasília tinha por objetivo facilitar a abertura de portas de gabinetes de ministros e mesmo do Palácio do Planalto na busca de recursos e projetos que beneficiassem a região. Também serviria para evitar que prefeitos das sete cidades se deslocassem até o centro do poder para garantir que parte das receitas aqui geradas pudesse voltar e melhorar a qualidade de vida dos cerca de 2,7 milhões de pessoas que se espalham por Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. E que também ajudam a gerar riqueza, com seu trabalho e consumo.

Três anos se passaram desde que o Grande ABC fincou bandeira no centro de decisões do País sob a batuta do então presidente do Consórcio Intermunicipal, o prefeito de São Bernardo Orlando Morando (PSDB), também idealizador e entusiasta da empreitada. Nesse período, pouco ou quase nada se ouviu falar da atuação do escritório instalado no Edifício Le Quartier, localizado a quatro quilômetros do palácio presidencial. Sabe-se que a entidade regional gastava R$ 20 mil mensais para manter o espaço, mas não se tem notícia sobre resultados.

Aliás, as prefeituras continuaram a gastar com viagens de prefeitos e de auxiliares do primeiro escalão que precisam a ir a Brasília apresentar projetos em busca de recursos, em périplos por gabinetes de deputados federais e senadores que possam ajudar a abrir as portas dos cofres. Passados três anos, o Consórcio se viu obrigado a fechar a Casa do Grande ABC em Brasília como parte de medidas de contenção de gastos. Pelo andar da carruagem do escritório, não perde nada. Na verdade, deixa de gastar.
No frigir dos ovos, o que pesou mesmo para tal decisão é o fato de prefeituras não pagarem parcelas mensais ao Consórcio. Por ironia – se é que se pode avaliar assim –, o fim da empreitada se deve sobretudo à dívida de São Bernardo, hoje a maior devedora em débitos não renegociados, na casa dos R$ 5 milhões. Justamente a cidade governada por Orlando Morando, o idealizador da Casa do Grande ABC em Brasília e cobrador implacável de administrações inadimplentes quando presidia e entidade. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;