Economia Titulo Crise
Sindicato dos Metalúrgicos cobra governo

Entidade pede reunião com Mantega e Petrobras
para frear queda na produção da cadeia automotiva

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
10/05/2012 | 07:30
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Em busca de medidas que contribuam para a retomada da produção da cadeia automotiva e evitem demissões no setor, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, avisou que vai agendar reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com dirigentes da Petrobras.

Para Mantega, o sindicalista vai pedir a intervenção do governo para que os bancos diminuam as restrições ao crédito e aumentem a liberação de financiamentos para veículos. Para a Petrobras, vai debater o barateamento do diesel S-50, combustível menos poluente necessário para os novos modelos de caminhões Euro-5 - que custam cerca de 15% mais do que o que permaneceu em vigor até o ano passado, o Euro 3 - e do aditivo para o motor. Além disso, Nobre quer discutir a ampliação da rede de distribuição e abastecimento, que hoje é escassa. "Alertei os integrantes do conselho de competitividade do setor automotivo (que integra indústria, governo e trabalhadores) que, se não houver alteração urgente no quadro atual, que aponta queda de produção e aumento dos estoques, há risco de demissões no setor."

Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que os estoques das fabricantes estão em 13 dias, com 11.620 veículos. Nas concessionárias, o período de desova é de 30 dias, com 254.880 unidades paradas. Somando os veículos encalhados, são 43 dias de estoque entre fábrica e revenda. Esse é o maior nível desde novembro de 2008, auge da crise econômica, quando o encalhe atingiu 56 dias.

Considerando só o comércio de automóveis e comerciais leves (pickups pequenas, vans, furgões e utilitários esportivos), os efeitos na região foram mais intensos do que no restante do País. Em abril, foram vendidos 5.574 carros, 20,8% a menos do que no mesmo período de 2012, quando alcançou 7.046 unidades. Em todo o território nacional, o recuo foi de 10,2%, para 244,8 mil unidades, 28 mil a menos que em abril de 2011.

Na avaliação do Sindicato dos Metalúrgicos, de montadoras e de concessionárias, o represamento do crédito, juros altos e prazos reduzidos são os responsáveis pelo cenário. De fato, há forte reflexo nas vendas, considerando que 60% dos veículos no País são comercializados a prazo.

A justificativa dos bancos para o aumento das restrições na concessão de empréstimos, no entanto, se dá pela elevação da inadimplência, decorrente do crescimento expressivo das vendas entre 2010 e meados de 2011. Dados do Banco Central mostram que o atraso acima de 90 dias nas parcelas de empréstimos para a compra de carros atinge 5,7% do total das carteiras de financiamento, maior índice desde o início da série histórica em 2000.

Na avaliação do consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa, diretor da ADK Automotive, porém, até o início de junho o cenário deve ser modificado, por conta de taxas de juros menores e regras mais claras do governo. "Acho que não deve voltar a ter financiamento de 80 meses e sem entrada, porém, o ritmo de vendas tende a ser retomado."

Garbossa destaca que, com a possibilidade de o governo mudar as normas para o leasing ainda neste mês, fazendo com que o tomador do crédito receba as multas, em vez do banco, já que o carro permanece alienado, as instituições financeiras podem voltar a emprestar mais.

 

Montadoras reduzem jornada de trabalho

Cinco das seis montadoras da região já reduzem a jornada de trabalho para ajustar a produção na tentativa de diminuir os estoques encalhados em seus pátios, conforme noticiado ontem pelo Diário.

A Volkswagen adotou, há 15 dias, semana de quatro dias e cortou dois sábados extras. Também utiliza o acordo de bancos de horas para enfrentar os altos e baixos da produção. Questionada sobre o assunto, a montadora informou que amanhã não haverá turno e os trabalhadores terão folga remunerada.

A General Motors, que havia programado sábado extra no dia 5, cancelou o trabalho. O próximo agendado é no dia 19 e, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, por enquanto está mantido. "Essas convocações ocorrem para realizar ajuste no estoque de peças, e não de veículos, quando a produção foi insuficiente na semana", explica.

A Ford desde o início do ano diminuiu a jornada para quatro dias. Para este ano estão previstos mais 40 dias de parada de produção. A fábrica de caminhões está sem atividade desde terça e só volta na semana que vem. A Mercedes-Benz concedeu na segunda-feira licença remunerada até o dia 4 a 480 trabalhadores contratados por prazo determinado.

A Scania já parou sua produção por quatro dias: um em fevereiro e os outros três na emenda do feriado do dia 1°.




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