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Novo biocombustível será fabricado no País
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
14/11/2010 | 07:30
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Um novo combustível vai começar a ser produzido no Brasil, o biobutanol. Ele provém da mesma matéria-prima que o etanol, a cana-de-açúcar, e provavelmente será produzido a partir do caldo da cana, e não de partes alternativas, como o bagaço, o que poderia provocar possível competição pelo insumo.

Porém, a produção do biocombustível, que só deverá ser iniciada entre 2013 e 2014, e será destinada ao Exterior, não deverá prejudicar o etanol, segundo Cristina Machado, pesquisadora da Embrapa Agroenergia.

"O principal entrave do alto preço do etanol continua sendo o açúcar", diz. Para ela, a quantidade a ser produzida não deve ser suficiente para faltar cana para o etanol, já que a iniciativa ainda está no começo e existe muita área para o plantio.

O químico Everton Gomes, professor da Petroquallity, escola de qualificação profissional da área de petróleo e gás natural, discorda. Para ele, o biobutanol vai gerar ambiente competitivo, com a possibilidade de faltar cana-de-açúcar para a produção do etanol. "No período de entressafra, que vai de dezembro a março, provavelmente haverá aumento maior ainda do preço do etanol nos postos de combustível", diz.

Outro ponto ressaltado por Gomes é o impacto ambiental que será causado com a produção excessiva de cana. "Além de a matéria-prima ser a mesma para os dois, é válido lembrar que o etanol também é exportado. Há o risco de se estabelecer maior atenção ao mercado externo que interno."

Para Cristina, o País só tem a ganhar com isso, pois pode se favorecer com mais tecnologia desenvolvida por aqui. "A diversificação é sempre interessante. Além disso, tem sido estudada a utilização do bagaço da cana e de resíduos industriais de madeira para produzir etanol."

O biocombustível, de acordo com a pesquisadora, não será vendido a preço competitivo como o etanol, que tem processo de produção mais barato e a indústria preparada e já bem estabelecida no Brasil.

Comparação - Segundo a DuPont, indústria especializada em biotecnologia industrial e uma das responsáveis pela produção do novo combustível, o biobutanol surge como opção complementar à indústria do etanol, oferecendo vantagens como a possibilidade de ser combinado em concentrações mais altas do que o etanol, gerando o dobro de energia em relação à gasolina. "Além disso, não requer quaisquer modificações nos automóveis."

Gomes, da Petroquallity, afirma que ele também se mistura melhor à gasolina, pois o número de carbonos do biobutanol é maior do que o do etanol. O primeiro tem quatro carbonos e, o segundo, dois. "A queima do biocombustível é melhor."

O químico diz que a mistura na gasolina no Brasil poderia passar de 20% para 30%, caso fosse comercializado por aqui e, nos Estados Unidos, começaria em 16% e chegaria a 24%. "Temos apenas de verificar quem vai sair ganhando com essa história, se somos nós ou os estrangeiros."

Forma de produção do biobutanol será estudada em Paulínia

A ideia da produção do biocombustível partiu da Butamax Advanced Biofuels, parceria da DuPont e da British Petroleum - expert no mercado global de combustíveis - formada para desenvolver e comercializar o biobutanol como próxima geração de biocombustível renovável ao mercado de transporte.

No início do mês, a Butamax inaugurou laboratório em seu centro de inovação e tecnologia, em Paulínia (SP). O laboratório vai identificar como chegar ao produto final, o biobutanol, e definir se ele será extraído do bagaço ou da garapa da cana-de-açúcar - utilizada para a fabricação do etanol.

Hoje, segundo a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Cristina Machado, o bagaço da cana tem a função de gerar energia elétrica a partir de sua queima.

Apesar de a pesquisadora não acreditar em competição entre os combustíveis, o biobutanol, segundo a Butamax, poderá ser produzido nas próprias usinas de cana.




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