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PF vai investigar ligação de delegados em contrabando
24/06/2004 | 23:03
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A PF (Polícia Federal) poderá reabrir dois inquéritos instaurados em Rondônia para verificar se existem ligações entre os delegados Wilson Perpétuo e José Bocamino, presos nesta quarta-feira em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, com o empresário Mário Glikas, acusado de contrabando de diamantes na Reserva Indígena Roosevelt, dos índios cintas-largas. Na investigação, a Diretoria de Inteligência da PF descobriu indícios que vinculam os policiais à extração ilegal de pedras, o que pode estabelecer a ligação com Glikas.

Perpétuo e Bocamino foram presos pela Operação Lince, desencadeada para investigar roubo de cargas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Além deles, o policial federal Luiz Cláudio Santana e os assaltantes Jair Dias de Morais, Mário do Amaral Fogaça e Roberto Lopes Alvares, e o advogado Fauzi José Saab Júnior tiveram a prisão temporária decretada. Outros empresários de Ribeirão Preto e interior de Rondônia estão sob investigação.

Em pelo menos dois inquéritos que apuram contrabando de diamantes, existem ligações de policiais federais. No primeiro, aberto em novembro de 2003, foram presas seis pessoas, incluindo o agente José Cadete da Silva, acusado de dar cobertura à retirada ilegal de diamantes da reserva e repassar informações sobre a ação da PF aos contrabandistas. Em abril, além de Glikas, a PF prendeu outro agente, Mário Amélio Soares Bonfim.

As suspeitas de que os dois delegados podem ter ligação com Glikas surgiram em escutas telefônicas feitas pela área de inteligência da PF. Outro indício é o local para onde os diamantes eram encaminhados. O empresário tinha um escritório no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, onde foram feitas buscas e apreensões. "O destino era a Europa, mas antes passava por São Paulo", informa um dos investigadores. Glikas era reincidente, havia sido preso no aeroporto de Nova York por crime de lavagem de dinheiro.

Os investigadores podem analisar os documentos apreendidos em abril durante a Operação Kimberly, que investigou Glikas, para verificar se há fatos relacionados aos delegados. Todos podem sair em cinco dias, caso colaborem com a Justiça, ou ter a prisão prorrogada. Dependendo dos depoimentos que serão tomados, a PF poderá até mesmo pedir a transformação da prisão temporária em prisão preventiva.

Os presos foram transferidos na quarta-feira de Ribeirão Preto para Brasília. Perpétuo, Bocamino e Santana estão na carceragem da Superintendência da PF no Distrito Federal, em cela especial por terem curso superior. Investigadores que atuam na Operação Lince não descartam novas prisões após a análise documental e podem ouvir as pessoas detidas durante as investigações sobre contrabando de diamantes. Entre elas, Glikas.




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