O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) leu nesta segunda-feira, no Conselho de Ética da Câmara, seu 'novo' parecer que pede a cassação do deputado José Dirceu (PT-SP) por quebra de decoro parlamentar – o petista é acusado pelo PTB de coordenar o chamado 'mensalão'. A intenção era votar ainda nesta noite o relatório, no entanto, com o pedido de vista de duas sessões apresentado pela deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), a apreciação deve acontecer somente na sexta-feira.

A elaboração de um novo parecer foi necessário a partir de uma determinação do ministro Eros Grau, no STF (Supremo tribunal Federal). Após a aprovação do primeiro relatório por 13 votos a 1, o Supremo determinou a anulação da apreciação por entender que Delgado desrespeitou uma ordem anterior que proibia a utilização de informações referentes aos sigilos bancário e fiscal do ex-ministro da Casa Civil.

Diante desta interferência do STF, o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), se reuniu pela manhã com o ministro Eros Grau para buscar uma 'sintonia' entre o Executivo e o Legislativo. "O despacho do ministro Eros Grau é dúbio", comentou o petebista, que já solicitou à Mesa Diretora da Câmara a prorrogação por 45 dias da análise dos processos dos deputados Dirceu, Sandro Mabel (PL-GO) e Romeu Queiroz (PTB-MG).

Mesmo com a possibilidade de um atraso nos planos iniciais de votação da cassação de Dirceu, o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), confirmou que espera manter para o dia 9 de novembro a votação da ação contra o ex-minitro pelo Plenário. Izar pediu aos líderes partidários que garantam a presença de deputados nesta semana em Brasília, para evitar que a falta de quorum atrase a tramitação do pedido de cassação.

José Dirceu é acusado pelo PTB, partido do ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), de coordenar o chamado 'mensalão' – suposto esquema em que o PT pagava até R$ 30 mil a deputados da base aliada em troca de apoio às matérias de interesse do governo Luiz Inácio Lula da Silva.