As histórias pessoais dos dois se cruzam no momento em que Vani, na igreja em que acabou de se casar com Sérgio (Evandro Mesquita), pede arroz a Rui, que se casará em seguida com Martha (Marisa Orth). Vani quer cumprir o ritual de boa sorte a recém-casados, mas Martha não empresta arroz para ela. Mais tarde, Vani descobre que foi traída por Sérgio na véspera. Os casais se tornam vizinhos. A equipe que criou a sitcom se repete nos créditos do longa-metragem: o diretor José Alvarenga Jr. e os roteiristas Alexandre Machado e Fernanda Young. Marisa e Mesquita atuaram em alguns dos 71 episódios de Os Normais – o universo de Vani e Rui, portanto, não lhes é estranho.
No filme, os perfis dos protagonistas surgem um pouco diferentes. Se Vani é quem mais se aproxima da série, Rui dá as caras com um certo ar romântico, o que solidifica o gênero em que o longa se enquadra. Há uma curva nas trajetórias dos dois: no filme, Vani está mais destemperada e Rui, menos.
Machado evita tachar os personagens de doidos. “Eles passam por situações extremas. Qualquer pessoa se comportaria como eles. Em algum nível, todo mundo é maluco”, diz. Guimarães endossa: “A comédia pega situações-limite, então tende à caricatura”.
Curioso como a maior virtude do filme – um certo afastamento da série – seja seu principal defeito. Definido como comédia romântica, o longa perde um tanto do humor que caracteriza a sitcom. Há seqüências engraçadas, como a do engarrafamento que Vani e Sérgio enfrentam para chegar à festa de casamento, mas o filme abranda a sátira e a ironia que a série manteve por três anos no ar.
A linguagem do longa, porém, não fica tão distante da da sitcom. “Planos fechados são uma característica da TV, mas o programa (Os Normais) pensava mais como cinema, trabalhamos mais com planos médios. Os closes eram raros. Na TV já tínhamos uma comunicação de cinema”, afirma o diretor. Mas Alvarenga Jr. reconhece haver diferenças: “O filme contém mais silêncios”.
O merchandising – prática que insulta a inteligência do espectador – de refrigerante surge em duas cenas. Alvarenga Jr. se justifica: “É uma parceria necessária. E quanto mais clara, melhor”. Ele admite que Os Normais – O Filme é um produto não-autoral: “Nunca perdemos o ponto de vista de que fazíamos um filme para a massa”. Ele espera que 2 milhões de pessoas passem pelas bilheterias. Há nos planos o lançamento de toda a série em DVD.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.