Cultura & Lazer Titulo
Livro retrata a vida e a obra de Fayga Ostrower
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
04/01/2002 | 18:41
Compartilhar notícia


  Perdas irreparáveis ofuscaram o brilho do cenário nacional das artes plásticas ao longo de 2001, ano marcado pela morte de gente como Carlos Scliar, Tikashi Fukushima e Thomaz Ianelli. Entre os conceituados mestres que se foram no ano passado também está Fayga Ostrower, que acaba de ganhar um livro sobre sua vida e obra.

Polonesa radicada desde a década de 30 no Brasil, Fayga figura entre os precursores do abstracionismo no país. Morreu em setembro, no Rio, aos 81 anos. Além da publicação, Fayga Ostrower (Sextante Artes, 194 págs., R$ 89), outros dois eventos reverenciam a artista: um no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro; outro na I Bienal de Gravura de Santo André.

O livro de arte foi organizado por Carlos Martins e conta com textos de Wilson Coutinho e Lilia Sampaio. Repleta de reproduções de gravuras, aquarelas e desenhos, a obra traz ainda imagens da própria Fayga – entre elas, uma em que aparece sorridente, aos 12 anos, em Bruxelas, e outra, pensativa em seu ateliê no Rio, em 1999.

“Esse livro é uma homenagem a Fayga Ostrower e aos 60 anos de seu trabalho obstinado. Obra que é uma contribuição indiscutível ao desenvolvimento e à reflexão das artes no Brasil. Suas gravuras, desenhos e aquarelas ampliaram as possibilidades do fazer artístico”, afirma Martins na apresentação.

E Coutinho ressalta: “Para ela (Fayga), a beleza era o estado do homem. O que amava na arte era essa extrema necessidade que ela oferecia a todos os necessitados. Talvez fosse esse o seu mais complexo humanismo”.

O poeta Carlos Drummond de Andrade dedicou um de seus poemas (reproduzido no livro) à artista. O desfecho do poema diz: “Fayga é um fazer/ um filtrar e descobrir/ as relações da vista e do visto/ dando estatuto à passagem/ no espaço: viver/ é ver sempre de novo/ a cada forma/ a cada dia/ o dia em flor no dia.”

Já Lilia escreve que procurou fazer de seu texto não um documentário cheio de citações críticas e datas absolutamente cronometradas, “mas sim o relato da vida de uma mulher, uma artista, um mistério”.

Por fim, nada mais justo que uma frase de Fayga reproduzida no livro: “Aos 20 anos, a arte era para mim um prazer e uma descoberta. Hoje é um sentido de vida”. Vida esta que transborda das apuradas formas e cores de suas obras.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;