As autoridades britânicas confirmaram nesta segunda-feira que o brasileiro Jean Charles de Menezes foi executado com oito tiros — sete na cabeça e um no ombro — ao ser confundido com um terrorista dentro da estação de metrô de Stockwell, em Londres, na última sexta. Testemunhas contam que ele já estava imobilizado, no chão, quando foi alvo dos disparos.

Também nesta segunda-feira, a Comissão Independente de Queixas da Polícia, que investiga o caso, negou que o visto de permanência de Jean na Grã-Bretanha tivesse expirado.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores Celso Amorim, e seu colega britânico Jack Straw, confirmaram em uma entrevista conjunta que o jovem brasileiro residia "legalmente" na Grã Bretanha, desmentindo dessa forma as informações da BBC, que alegou que o brasileiro tentou fugir da polícia porque sua permissão de residência havia expirado.

Um dia após a execução de Jean, a Scotland Yard confirmou que ele não tinha qualquer envolvimento com terroristas e lamentou "profundamente" o ocorrido, porém defendeu a política de "atirar para matar" como parte das ações da polícia após os atentados de 7 de julho.

A família de Jean pretende entrar na Justiça com uma ação contra a polícia britânica. A advogada ligada aos direitos humanos Gareth Pierce, que já defendeu um suspeito de envolvimento com ataques do IRA (o Exército Repúblico Irlandês), cuidará do caso.

"Eles (a polícia) têm que pagar por isso, caso contrário matarão muitas pessoas", disse Alex Pereira, primo da vítima. "Assim como mataram meu primo, podem matar qualquer outro", acrescentou.