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‘Tive mais motivos para comemorar’, diz Avamileno
Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
24/12/2007 | 07:59
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Em um ano marcado por disputas internas no PT, as quais influenciaram diretamente na administração de Santo André, o prefeito João Avamileno avalia que teve mais motivos a comemorar do que necessariamente a lamentar em 2007.

“O acirramento dos ânimos neste ano pré-eleitoral não prejudicou o andamento dos trabalhos no governo”, analisa o chefe do Executivo.

Criticado por ter se posicionado na prévia que definiu o candidato petista à sucessão em 2008, João Avamileno acredita ter sido “fundamental” na vitória do deputado estadual Vanderlei Siraque contra a vice-prefeita Ivete Garcia.

É bem verdade que a disputa gerou uma crise sem precedentes na história da política andreense, e até brasileira. Após o resultado do processo, praticamente todo o secretariado – que estava em lado oposto ao do prefeito – pediu demissão. O estrago somente não foi maior porque a recomposição da equipe ocorreu em oito dias. A saída de 13 dos 16 integrantes do primeiro escalão, aliás, foi a grande decepção do petista no ano.

Outro ponto a ser destacado é que em 2007 o prefeito pode dizer que tomou, definitivamente, as rédeas da administração. Após divergências no período que antecedeu a prévia, ele demitiu o então secretário de governo, Mário Maurici de Moraes, considerado por muitos o ‘verdadeiro prefeito’. A atitude foi elogiada até pelos oposicionistas.

O próximo ano será o último do mandato de Avamileno. O grande desafio ainda é a inauguração de uma das principais promessas de campanha: o Hospital da Mulher. Questionado sobre o que espera de 2008, é taxativo: “Quero entregar uma cidade melhor para a população e eleger prefeito o nosso companheiro Siraque.”

Disputas internas - “Foram três meses de turbulência em decorrência das disputas da prévia, que culminou na saída do secretariado, e do PED (Processo de Eleição Direta). Mas o piloto agüentou bem toda essa turbulência. Não considero esse processo um ponto negativo do governo neste ano, e sim uma complicação política a qual precisei administrar. É lógico que os limites foram ultrapassados e os conflitos tiveram um alto custo, envolvendo estresse e mágoa. Mas o tempo irá curar. Muita gente diz que este foi o pior ano da minha vida na política, mas discordo. Do ponto de vista do mandato, foi o mais complicado. Porém, o ano mais difícil, sem dúvida alguma, foi o da perda do companheiro Celso Daniel (assassinado em janeiro de 2002).”

Vitória na prévia - “Acho que fui decisivo, fundamental, para a vitória do companheiro Siraque na prévia. E, caso ele fosse derrotado, não acredito que a minha carreira política estaria prejudicada. Não quero me comparar a ele, mas o Celso Daniel, por exemplo, já perdeu prévia, mesmo tendo apoio do secretariado, e não acabou para a política. Evidente que a perda de uma disputa é ruim, até avalio que uma derrota minha seria pior do que foi para a vice-prefeita, mas não creio que perder a eleição interna atrapalharia a minha carreira. Até porque o que vai me levar ao reconhecimento público é a minha gestão e não uma disputa interna. Tenho consciência de que ajudei a provocar alguns problemas, mas se o fiz foi com boa intenção, para que as coisas dessem certo. Não voltaria atrás em nenhuma decisão.”

Derrota no PED - “Foi bom o Tiago Nogueira (ligado à vice-prefeita Ivete Garcia) ter vencido. Foi um prêmio para as pessoas que fizeram a disputa séria na questão da prévia. Na ocasião, souberam perder e, agora, também tenho de saber reconhecer a derrota. O Tiago é um militante antigo do PT, já foi presidente, e tenho certeza de que ele fará uma boa gestão. Terá meu total apoio. O fato de ele ser ligado à Ivete contribuirá no sentido de equilibrar e unir o PT para 2008.”

PT rachado - “Os resultados da prévia e do PED não demonstram uma divisão do PT. Indica que atualmente há um equilíbrio de forças, o qual pode contribuir para a construção da legenda. Precisamos saber perder e levantar a cabeça. O partido é maior do que qualquer disputa, especialmente as internas.”

Decepções - “Na administração pública ainda continua a ser esse dilema do Hospital da Mulher. Soltarei muitos fogos quando inaugurarmos. Essa obra ainda é o calcanhar-de-aquiles da administração. Também não contava com a saída dos 13 secretários. Ao contrário do que dizem por aí, não considero a vice-prefeita (Ivete Garcia) uma decepção. Mas fiquei magoado com o secretariado, embora no período em que estiveram comigo tenham sido importantes para o governo. Acredito que tomaram essa atitude em resposta política à minha vitória. Também podemos citar o conflito com o governo estadual por conta da instalação da Fundação Casa na cidade e os episódios envolvendo a Fundação Santo André. Estes problemas políticos foram difíceis de enfrentar, mas, felizmente, não atrapalharam os agendamentos. Não influenciaram o governo. Espero que ao final do próximo ano estejamos aqui novamente, já com o sucessor do meu partido, falando que em 2008 não tive qualquer decepção.”

Legislativo - “Acho que minha relação com os vereadores em 2007 foi até melhor em comparação ao ano passado. Não sei explicar o motivo. Mas especialmente depois da saída dos 13 secretários, a oposição ficou mais ao meu lado. Isso me deixou muito feliz, pois avalio que foi um reconhecimento do meu trabalho. Com relação à base aliada (a qual pressiona por mais participação no governo), é normal esse clima. Até porque estamos próximos da eleição. É sempre assim nessa época, até que se aprove as alianças e se defina as candidaturas. Até a metade de 2008 as especulações continuarão a acontecer, pois cada partido quer se fortalecer na cidade, e mostrar seu cacife.”

Alianças - “O PT conversa com todos os partidos. Porém, a decisão de alianças não cabe ao prefeito, e sim ao diretório municipal, após orientação da executiva nacional. Caso o PT em nível nacional proíba aliança com determinada legenda, Santo André terá de acatar. Particularmente, acho que a gente tem de abrir as portas para que o vice seja de um partido aliado, para somar mesmo. Não tenho preferência por nomes hoje, mas gostaria que fosse da nossa base de sustentação. Certamente discutiremos essa questão internamente e os nomes apresentados serão avaliados pelo PT. Reafirmo, porém, não haver qualquer partido na frente. Todos os aliados hoje têm relevância para reivindicar.”

Sem mudanças - “Depois da turbulência no secretariado, período em que os partidos solicitaram mais participação no governo, eu fiz reuniões separadamente com os aliados. Expliquei que o momento era delicado e não teria como contemplá-los. Não que eles não tenham pessoas capacitadas para indicar. Até seriam bem-vindos ao governo, mas, ao contrário das pessoas que foram nomeadas, os indicados por estes partidos precisariam de um período de adaptação, o que poderia prejudicar a administração. É diferente quando você vai formar uma equipe no início do mandato. Tanto que a maioria do atual secretariado é funcionário de carreira. Estão na Prefeitura há anos. Por isso, digo que essa especulação de que haverá nova mudança na equipe de governo por conta das eleições é mentirosa. Discutiremos o programa de governo e alianças com estes partidos, mas com relação ao atual secretariado não dá para discutir mais nada.”

Desafios - “Sem dúvida alguma, entregar a cidade melhor do que eu peguei em matéria de oferecimento de serviços, de qualidade de vida e de infra-estrutura. Se terminasse o mandato hoje Santo André já estaria melhor, mas não entregaria o cargo feliz. Ainda faltam algumas obras para finalizar. Além disso, o grande objetivo é eleger o companheiro Siraque.”



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