O Grande ABC já contabiliza mais dois ‘deputados de verão'. Eleitos suplentes nas eleições de 2006, Raimundo Salles (DEM-Santo André) e Diniz Lopes (PR-Mauá) partem para mandatos tampões na Câmara e na Assembleia, respectivamente.

O democrata assume cadeira deixada por Júlio Semeghini (PSDB), nomeado secretário de Gestão Pública de São Paulo por Geraldo Alckmin (PSDB). Já o republicano herdará cadeira deixada no Parlamento paulista por Otoniel Lima (ex- PR, hoje no PRB), que dia 2 tomará posse como deputado federal.

A dupla se junta a Marquinho Tortorello (PPS-São Caetano, estadual) e a Edinho Montemor (PPS-São Bernardo, federal), que neste mês já haviam sido empossados como deputados tampões pela nomeação de parlamentares partidários no secretariado de Alckmin.

Apesar do pouco tempo que terá em Brasília (deixará o Congresso dia 1º, data em que tomarão posse os eleitos em 2010), Salles promete empenho na Câmara para fazer valer os 56.195 votos que recebeu há cinco anos, ainda pelo extinto PFL, que esteve coligado com os tucanos.

O ex-prefeiturável de Santo André garante que já possui mais de 25 indicações para apresentar aos ministros da presidente Dilma Rousseff (PT), fruto de propostas de sua campanha que não puderam sair do papel.

As pretensões para as duas semanas no Congresso são audaciosas: reivindicar junto ao governo federal a instalação de um campus da Universidade Federal do ABC em Ribeirão Pires, além da criação de um laboratório da instituição de ensino para estudos avançados sobre o meio ambiente, em Rio Grande da Serra.

Na Saúde, pedirá a implantação de três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em Santo André (Jardim Ana Maria, Sítio dos Vianas e Jardim Santo André). Promete cobrar ainda um posto da Polícia Federal na região.

Para viabilizar as ideias após sua estada em Brasília, Salles conta com o apoio do aliado e ex-prefeito de São Bernardo, William Dib (PSDB), que dia 2 tomará posse para mandato cheio, de quatro anos. "Minhas indicações são próprias, mas conto com ele para que elas mantenham bom trânsito na Câmara", revela.

Republicano será empossado após troca-troca

Havolene Valinhos

Diniz Lopes ocupará cadeira na Assembleia durante 45 dias. O curioso é que desde a eleição de 2006, tanto ele quanto Otoniel Lima trocaram de partido.

Ao concorrer à cadeira de deputado estadual há cinco anos, Diniz conquistou pelo PR (então PL) 49.859 votos. Porém, quando disputou a Prefeitura de Mauá, em 2008, ele migrou para o PSDB. Após nova derrota, declarou apoio ao adversário Oswaldo Dias (PT).

Passada a eleição, Diniz deixou o tucanato e retornou ao PR. Ele recebeu das mãos de Oswaldo o cargo de superintendente do Sama (Saneamento Básico de Mauá). Em 2010 tentou, de novo sem sucesso, ocupar cadeira na Assembleia.

O especialista em Direito Eleitoral Alexandre Damasio Coelho explica que havendo saída do suplente, a cadeira passa a ser do partido. No caso, o PR poderia entrar com ação no MP se não concordasse com as idas e vindas. "Mas se o partido aceitou não há problemas." Coelho descartou infidelidade partidária.

Neste sentido, Diniz foi enfático. "O partido me convocou porque a vaga é da legenda e hoje estou de volta." Para ele, não faria sentido o PR colocar empecilhos, uma vez que Lima também mudou de sigla e não sofreu represálias.

No breve período em que estará no Parlamento paulista, Diniz afirma que nomeará assessores. "Preciso de pessoas para organizar minha agenda e me assessorar."

O republicano adiantou que buscará conquistas para Mauá. A primeira é encontrar solução para os recorrentes deslizamentos de terra, que já mataram cinco pessoas. Outra reivindicação será a implantação do restaurante Bom Prato (programa do governo do Estado) no bairro Zaíra.

Ele fez contato com o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Paulo Alexandre Barbosa, para agilizar os pedidos.